03 setembro 21
Inovação

T

SOBRI apoia-se na Tintex para criar malha com cortiça

Foi na Tintex que a SOBRI encontrou uma aliada para criar um novo tipo de malha com cortiça assente em princípios de circularidade. Sendo o potencial da cortiça quase inesgotável, nela Cristiana Rebelo, co-criadora da SOBRI, encontrou o seu propósito, avançando em parceria para a inovação que permita criar produtos de vestuário e acessórios com propriedade técnicas da forma mais sustentável possível.

Ao longo dos últimos três anos têm trabalhado em conjunto na tecnologia B.Cork – um revestimento inovador aplicado sobre a malha, neste caso algodão orgânico, que confere propriedades extras aos tecidos, como impermeabilidade e elasticidade.

“Este revestimento inovador é um poliuretano de base aquosa, sem solventes convencionais mas que ainda pressupõe uma base proveniente de combustíveis fosseis”, diz Cristiana, que prontamente explica o trabalho que têm desenvolvido no sentido de a diminuir: “No inicio do ano e de forma a chegar ao resultado que pretendíamos, a receita foi melhorada e em vez de serem colocados grânulos de cortiça utilizámos pó de cortiça natural na forma de camada de revestimento suportada por uma base de algodão cru”. “No revestimento B.Cork anterior tínhamos uma base com 40% de matéria verde, agora está nos 60%.

Ainda não é possível ter uma malha revestida com estas características totalmente orgânica ou biodegradável devido à escassez de bio-polímeros para os substituir, mas passo a passo é possível aumentar a matéria verde utilizada e conseguir um equilíbrio entre durabilidade e sustentabilidade afirma ao T. Com este melhoramento esperam lançar uma nova linha de produtos – que está nos planos chegar ainda a tempo do inverno.

Mas as parcerias estendem-se para além da Tintex. Por exemplo, a XNFY Lab também vai pôr em prática o seu conhecimento na criação de peças de vestuário digitais para ajudar a SOBRI a minimizar o número de protótipos produzidos e validar peças antes de serem produzidas, tornando todo o processo ainda mais ecológico. “Temos a inovação no nosso ADN, e achamos interessante a possibilidade de ter imagens de protótipos totalmente digitais com recurso à inteligência artificial, de forma a agilizarmos a prototipagem, validar designs e reduzir ainda mais o nosso impacto ambiental ”, concretiza a co-fundadora.

Outro dos atores por trás dos artigos da SOBRI é a Sedacor, que contribuiu com “pele de cortiça de alta qualidade, unida com o mínimo de colas, combinada com uma base de algodão orgânico e tingimentos com tintas de base aquosa”. Quanto à confeção é toda feita em pequenas quantidades e por empresas locais divididas entre o norte e centro do país.

Por estes dias a SOBRI vai estar com uma loja pop-up no Porto, para dar a conhecer o seu trabalho de aperfeiçoamento da incorporação de cortiça em t-shirts, sweats, bonés e outros acessórios. As propostas da SOBRI estarão disponíveis até dia 14 de outubro na Rua de Cedofeita nº 336. O horário é de segunda a sábado das 10h às 19h.

Com raízes no Porto desde 2018, a marca surgiu de um bichinho antigo de Cristiana e David pelos mistérios e potencialidade da cortiça e por acreditarem que com os parceiros certos, seria possível juntar a cortiça e a moda e assim contribuir para a mudança da sua perceção nesta área. A SOBRI é uma marca com um ADN marcadamente eco-friendly, não existem coleções sazonais, mas sim pequenas capsulas, as peças não têm género e a cortiça mostra-se uma potencial substituta da pele e mais original.

Partilhar