Ana Rodrigues
A Riopele está a explorar soluções tecnológicas para transformar resíduos de fruta em matérias-primas valiosa, converter têxteis pós-consumo em novos produtos de alta qualidade e adotar materiais ancestrais e renováveis, liderando a mudança tecnológica na indústria têxtil.
Um dos caminhos tomados é o da exploração de fibras biodegradáveis como o cânhamo e a urtiga: “estas fibras, que remontam aos primórdios da produção têxtil, emergem como uma alternativa mais sustentável em comparação ao uso tradicional do algodão, que requer grandes quantidades de água para crescer, envolvendo ainda o uso intensivo de fertilizantes químicos, que podem causar danos ao meio ambiente e à saúde humana”, considera Ângela Teles, responsável de desenvolvimento de produto e projetos I&D da Riopele.
Para tal, através do Projeto Lusitanos, um consórcio de investimento de 15 milhões de euros, que tem como objetivo encontrar soluções têxteis sustentáveis a partir de fibras naturais e recicladas. Assim, a empresa está a impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento necessário para viabilizar a reintrodução destas fibras na indústria têxtil moderna.
Para além disso, há um foco na nova geração de tecidos ‘tutti-frutti’, uma abordagem inovadora que reforça os propósitos da empresa em adotar modelos de economia circular aliando diferentes indústrias, demonstrando que é possível conciliar o desenvolvimento económico com a responsabilidade ambiental.
“A produção de tecidos com fibras não convencionais, como as fibras de folhas de ananás e de banana e das cascas de laranja. Estas fibras são obtidas a partir da valorização de resíduos orgânicos da indústria agroalimentar, evitando o seu desperdício e promovendo um sistema mais sustentável e regenerativo”, sublinhou Ângela Teles.
A Riopele está também empenhada em superar os desafios associados à sua reciclagem (apenas 1% dos têxteis pós-consumo a ser reciclados para a produção de novas roupas), encontrando-se a trabalhar em diversas parcerias com diferentes fabricantes de fibras e centros tecnológicos na reciclagem química de fibras celulósicas modificadas.
Para tal, destacam-se as colaborações com diversas projetos de marcas mundiais, como Infinna™ (Zara), Circulose® (GANNI) e OnceMore® (Filippa K), estabelecendo parcerias estratégicas para o desenvolvimento de novos produtos sustentáveis que expandem os limites da moda sustentável e impulsionam a adoção de materiais reciclados.
Comprometida em reduzir o desperdício têxtil e com uma visão orientada para a preservação do planeta, a empresa tem no núcleo destas inovações um departamento de I&D, onde mais de 100 profissionais diariamente impulsionam processos e abordagens experimentais e criativas.
Até 2027, a Riopele ambiciona ser operacionalmente neutra em carbono e atingir uma taxa de aproveitamento de 100% dos seus resíduos têxteis, bem como pretende que 80% dos seus produtos estejam alinhados com categorias e componentes de sustentabilidade.