27 junho 22
Feiras

Jorge Fiel

Retoma das Feiras: À terceira foi de vez

Três é a conta que Deus fez. Três foram as feiras têxteis (Heimtextil, Techtextil e Texprocess) que decorreram a semana passada na Messe Frankfurt. E depois de dois ensaios em falso de retoma das feiras – após a explosão da pandemia e o grande confinamento – tudo leva a crer que à terceira foi de vez. Essa é a opinião dominante entre os participantes. É isso que diz Manuel Serrão, especialista na matéria. Tudo está bem quando acaba bem.

“Finalmente as feiras voltaram para ficar. A pandemia aumentou o peso do digital no negócio. Mas, pelo menos no sector têxtil e vestuário as relações impessoais à distância não substituem a importância das feiras e do contacto cara a cara no estabelecimento de novos contactos e aprofundamento das relações entre os produtores e os seus clientes”, afirma o responsável da Selectiva Moda.

As feiras estão de volta, mas não exatamente iguais ao que eram antes do coronavírus. Se as três feiras da semana passada em Frankfurt indiciam uma tendência, o mais provável é que neste novo fôlego tenham menos visitantes mirones mas se mantenham atrativas, até mesmo obrigatórias, para os que contam – os compradores profissionais.

“É com muito agrado que ouvi muitos expositores portugueses contarem-me terem estabelecido contactos com novos clientes, que tratavam dos seus fornecimentos no Oriente e que agora pelo menos procuram diversificar”, explica Manuel Serrão.

Se antes das feiras se respirava alguma confiança relativamente à maneira como iriam correr a Techtextil/Texprocess, já andavam no ar muitas reticências relativamente ao sucesso de uma Heimtextil que se realizava claramente fora de calendário.

Foram precisamente essas dúvidas que levaram empresas como a Lameirinho a não marcarem presença como expositores, mas apenas como visitantes – Paulo Coelho Lima, o primeiro responsável da maior têxtil lar nacional – não se inibiu no entanto de pôr o despertador para as três da manhã no dia de abertura da feira, de modo a apanhar o voo da Lufthansa das seis da manhã para Frankfurt e estar na Heimtextil logo desde a primeira hora.

“Nas primeiras horas do primeiro dia a nossa força comercial começou a trabalhar apenas a 50%, mas depois as coisas aceleraram e não demorou a estarem ocupados a 100%, quase tudo contactos novos. Não se pode pedir mais a uma feira”, afirma Xavier Leite, CEO e principal acionista da Têxteis Penedo.

Xavier, que também preside à Home From Portugal, é definitivo sobre os motivos que levaram esta associação a mobilizar os seus associados para irem a Frankfurt: “Havendo uma Heimtextil, a têxtil-lar portuguesa não podia deixar de estar representada”.

“A generalidade das empresas diz que as feiras correram claramente acima das expectativas. No caso concreto da Heimtextil, a maior parte das empresas ficaram satisfeitas, fizeram novos contactos e algumas até me disseram que receberam encomendas para o negócio do próximo Natal”, refere Cristina Motta, representante em Portugal da Messe Frankfurt.

No momento da inscrição, muitas empresas encararam a ida às feiras como um tiro no escuro. Mas depois, no final, já respiravam de alívio, tinha sido uma aposta ganha.

“Ficar em casa é que não resolve nada. Tenho ido às feiras todas e tem sempre corrido bem”, atira António Coelho Lima (ACL). E Ana Vaz Pinheiro (Mundotêxtil) vai até mais longe e não enjeita a possibilidade da institucionalização de uma segunda Heimtextil, de Verão: “Tendo duas coleções por ano pode fazer sentido ter duas apresentações”.

Nos pavilhões 8, 11 e 12 da Messe Frankfurt, onde moravam Techtextil e Texprocess, o ambiente esteve sempre mais descontraído e otimista. “Foi espetacular, tão bom como da primeira vez que viemos em 2005”, confiava o Eng. Gonzaga (Artefita). “Parece que estamos em 2019”, afirma Miguel Pacheco (Heliotêxtil). “Estamos muito satisfeitos, fizemos novos e bons contactos, foi uma feira como deve ser”, conclui Jorge Pereira (Lipaco).

Sem entrar em euforias, as feiras da semana passada deram boas indicações para o futuro. E tudo está bem quando acaba bem.

A participação das empresas portuguesas PME na Hemtextil é uma iniciativa da Selectiva Moda e da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, que visa promover a internacionalização das empresas portuguesas da área da Moda. O projeto ‘From Portugal’ é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização e de Lisboa 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa, proveniente da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Partilhar