Maria Monteiro
Foi com esta questão em aberto, que terminou a 53ª edição do Portugal Fashion, no passado dia 14 de outubro, sábado, com a afirmação de Alexandre Meireles, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) sobre a incerteza do futuro da próxima edição do certame de promoção de moda, devido aos atrasos dos fundos comunitários.
Alexandre Meireles explicou ao T Jornal que as edições do Portugal Fashion estavam a ser financiadas por fundos comunitários do Portugal2020, mas que esse quadro de apoios acabou e o “quadro Portugal 2030 ainda não tem candidatura aberta”, logo “é muito provável que a próxima edição de março não possa ser enquadrada na candidatura do próximo quadro comunitário”, disse o presidente.
Com base na promessa de financiamento que o Governo fez, em outubro de 2022, para a realização do Portugal Fashion, a ANJE avançou com a realização das últimas edições do evento: outubro de 2022, março de 2023 e a que decorreu no Museu do Carro Elétrico até sábado. Perante este cenário complexo, o presidente da ANJE encara o futuro com otimismo: “iremos trabalhar juntamente com o governos e os nossos parceiros para arranjar uma solução para o evento de março”.
O memorando de entendimento que o Portugal Fashion assinou com a ANJE, a Universidade Católica Portuguesa e a consultora Deloitte, para desenvolver um plano estratégico para os próximos três anos e garantir um financiamento mais estável, sem depender de fundos permitiu, até ao momento, a realização de um completo estudo de diagnóstico, que será o kick-off na forma como devemos encarar o Portugal Fashion num futuro próximo. Futuro esse que deve ser pensado e estruturado, no sentido de darmos cada vez mais consistência ao Portugal Fashion como plataforma que atua de forma integrada no ecossistema da moda nacional. O próximo passo é o desenho da estratégia do Portugal Fashion para os próximos três anos, sendo que nesta fase estamos já a validar com os diversos players do setor quais os pilares dessa estratégia”, fundamentou Mónica Neto, diretora do Portugal Fashion.
Em conversa no último dia do evento, com a designer Susana Bettencourt que acompanha o Portugal Fashion há mais de uma década, Susana partilhou com o T Jornal a sua visão sobre esta conjuntura heterogênea: “A incerteza que se vive não é portuguesa, é mundial. Sim, o Portugal Fashion até à data tem tido fundos comunitários com atrasos que causam muito transtorno para o trabalho deles e nosso, mas não é a única forma de fazer este evento acontecer e nós não somos os únicos a precisar dele. O Portugal Fashion é uma montra do nosso trabalho mas também da cidade, do país, da indústria têxtil portuguesa, dos produtores, dos maquilhadores, das marcas todas envolvidas. Este evento traz movimento à cidade do Porto, mostra museus, espaços da cidade a um público que de outra forma não conheceriam e as notícias chegam ao mundo todo. Internacionalizam não só os designers mas todas as empresas envolvidas”.
“E por isso, não acho que deva ser um trabalho do Portugal Fashion querer manter este evento de pé, mas de toda a indústria que podia aproveitar muito mais desta plataforma”, concluiu a designer.