13 janeiro 23
Felpos

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Mundotêxtil cresce no Reino Unido à boleia do Brexit

As exportações de felpos da Mundotêxtil para o Reino Unido não só não se ressentiram do Brexit como, pelo contrário, têm vindo a crescer atingindo os oito milhões de euros em 2022.

Uma das explicações de Ana Vaz Pinheiro, administradora da empresa, para este fenómeno reside na hipótese de alguns dos seus concorrentes terem desistido do Reino Unido, porventura assustados com os novos requisitos e barreiras burocráticas às exportações, libertando assim quota de mercado que tem sido aproveitada pela Mundotêxtil.

“Metade dos felpos vendidos no Reino Unido são nossos, o que se compreende porque temos produtos de alta qualidade e prestamos um bom serviço”, afirma a gestora da Mundotêxtil, a maior empresa europeia de felpos, segmento em que é responsável por 25% do total das exportações portuguesas.

Como não podia deixar de ser, as fibras naturais e sustentáveis são a matéria-prima da coleção que a empresa de Vizela expos na Heimtextil – tecidos com 60% de aloé vera, algodões reciclados pós e pré consumo, misturas com linho e por aí adiante.

“Estamos na luta por alternativas ao algodão mas não podemos perder de vista que o nosso produto está sempre em contacto direto com o corpo”, diz Ana, uma empresária preocupada com o impacto da subida brutal dos custos energéticos.

O ano passado a Mundotêxtil pagou mais três milhões de euros de energia que em 2021 e os seus projetos de descarbonização candidatos ao financiamento pelo PRR continuam sem resposta.

A empresa tem um programa de investimentos orçado em cinco milhões de euros, designadamente em painéis solares e na digitalização do controlo do processo produtivo.

“Não vai resolver completamente o problema dos custos da energia mas vai atenuar a nossa dependência. Não há futuro para as empresas que não sejam energeticamente sustentáveis”, avisa Ana Vaz Pinheiro.

Depois de em 2021 ter faturado cerca de 55 milhões de euros, em 2022 o volume de negócios caiu para pouco mais de 50 milhões, arrastado pelo agravamento dramático dos custos de contexto nos últimos meses do ano. A boa notícia é que as vendas baixaram mas as margens subiram.

Ana está apreensiva relativamente ao que vai acontecer este ano: “Ainda estamos a medir o pulso aos mercados. No Reino Unido estamos a vender bem e o saldos em Espanha correram muito bem, mas os outros mercados não mexem”.

Para compensar a estagnação nalguns dos seus mercados tradicionais, a Mundotêxtil está a apostar em novos mercados com dinâmica de crescimento, como a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein. É preciso fazer pela vida.

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