02 Junho 20
Inovação

António Moreira Gonçalves

Moovex arranca em Portugal conquista às marcas europeias

É uma nova tecnologia, que promete revolucionar a cintura das calças, tornando-as mais flexíveis e confortáveis, sem perderam o rigor estético. O Moovex já está a ser colocado em prática no Brasil, e para a Europa a abordagem arranca com uma série de parcerias na ITV portuguesa. Scoop, Trotinete, Lusipant e AAC Textiles fazem parte do grupo de confeccionadores especializados que já dominam a tecnologia.

“Precisamos de estar perto de quem fabrica e em Portugal encontramos parceiros competentes, com história e preparados a trabalhar com esta tecnologia”, explica a designer brasileira Renata Iwamizu, fundadora do projecto. Em Portugal, Renata está a criar uma rede de “authorized suppliers”, a quem fornece a tecnologia e dá formação especializada. “Como é apenas um acessório, precisamos que seja integrado nos processos de fabrico de vestuário”, acrescenta.

A tecnologia Moovex consiste num desenho inovador da cintura das calças, que aumenta a sua elasticidade sem a necessidade dos elásticos tradicionais. Com a integração desta inovação, patenteada um pouco por todo o mundo, as calças vão se adaptando aos movimentos do dia-a-dia ou até a variações de peso, mantendo o mesmo nível de conforto.

“A variação média da cintura de uma pessoa é 5,5 cm, sem falar de variações de peso. Quando nos sentamos a largura da nossa cintura é diferente do que quando estamos de pé, e as roupas tradicionais não têm isso em conta, criando um desconforto”, explica a fundadora do Moovex. Com este novo desenho, as calças passam a variar entre dois ou três tamanhos no mesmo modelo, ajustando-se também a pessoas com modelos de cintura distintos.

“A ideia surgiu-me a partir da minha marca de moda masculina, a Kanzo. Eu percebia que as calças com cintas elásticas vendiam mais, porque os clientes procuravam conforto, mas como designer eu não gostava do aspecto enrugado dos elásticos tradicionais”, conta a criadora do projecto. Para solucionar o problema, Renata desenvolveu um modelo inovador de cinta elástica, que no exterior mantêm o aspecto normal da roupa, mas no interior cria um ângulo elástico, que faz com que as calças se ajustem a todo o momento (foto abaixo)

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Uma capacidade de adaptação que também significa maior sustentabilidade. “Uma das razões que leva as pessoas a deitarem roupa fora, especialmente as calças, são as variações de peso. Com esta tecnologia, as peças têm um maior tempo de vida”, explica Reta Iwamizu. Para além disso, o facto da peça se ajustar a diferentes tipos de cintura poderá ter um impacto na redução do índice de devoluções, especialmente no comércio online.

A roupa pré-mama, o vestuário desportivo e o workwear são alguns dos sectores onde a tecnologia demonstra mais potencial, mas o projecto é pensado para todas as áreas da moda. Atualmente encontra-se patenteada para toda a Europa, Estados Unidos, Japão e vários outros mercados. No Brasil está já integrada no fardamento da Polícia Ambiental do Paraná, no vestuário do grupo de saúde Amil e em vários projectos da têxtil Lunelli.

Na Europa, a indústria portuguesa é vista como a grande rampa de lançamento do projecto. Scoop, Trotinete, Lusipant e AAC Textiles já fazem parte do grupo de “authorized buyers”, capazes de incorporar a tecnologia nas suas produções.

No caso da Scoop, o objetivo será conjugar o Moovex com a tecnologia Musgo, elevando o potencial das duas inovações. “Vamos incorporar as duas tecnologias, e queremos apontar sobretudo a mercados como o fardamento militar, o workwear, o vestuário utilizado em pretolíferas, entre outros”, adianta Daniel Pinto, director de desenvolvimento e estratégia da Scoop. Para além disso, o Moovex é visto como mais uma solução sustentável a entrar no catálogo da empresa de Famalicão. “Não podemos esquecer que pode significar uma grande redução no stock das empresas, ao diminuir o número de tamanhos ou o número de devoluções. É uma solução que democratiza o fitting”, conclui o representante da Scoop.

 

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