02 dezembro 22
Feiras

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Fragmentos do diário de viagem de Braz Costa a Munique

Com a pandemia a mudar a dinâmica das feiras e a perceção de que o futuro (mas também já o presente) se resume em três palavras: sustentabilidade, sustentabilidade e sustentabilidade – a participação das empresas portuguesas foi excelente. O balanço da ISPO em sete pontos, feito por Braz Costa, diretor geral do CITEVE, como se fosse um diário de viagem.

Balanço From Portugal. A participação portuguesa foi muito positiva, não só por se ter registado um aumento da procura pelas nossas empresas de uma feira técnica como esta, mas também devido à posição de relevo que Portugal já assumiu. O recorde de ISPO Textrends conquistados é a melhor prova da fantástica evolução da nossa indústria.

Balanço ISPO. Com a pandemia verificou-se uma alteração da dinâmica da ISPO, como aliás se sucedeu com as outras feiras. A minha dúvida é se este é o novo normal ou se ainda não atingimos o novo normal. Se for este o novo normal isso significa que algo de estrutural mudou com a pandemia na maneira de chegar aos grandes clientes, e que as empresas têm de repensar a sua estratégia, muito provavelmente ponderando uma abordagem híbrida, presencial e digital. E coletivamente teremos de encontrar alternativas para a promoção da imagem de Portugal como um país inovador e produtor de têxteis de elevada qualidade.

Asiáticos. Com a China fechada, diminuiu o número de expositores e dos visitantes que vinham à ISPO à procura de produtos asiáticos. O que não é necessariamente mau para nós.

Feira. Foi muito claro nesta ISPO que os organizadores de feiras estão num processo de redução dos custos que não se repercute nos preços da participação. Os corredores estão mais largos, mas isso deve-se à diminuição do número de expositores. Há menos conforto, menos tapetes, menos iluminação, está tudo mais espartano. Desculpam-se com a sustentabilidade, mas se fosse só isso baixavam o preço do metro quadrado que cobram às empresas.

Estamos no bom caminho. É muito satisfatório andar pela ISPO e constatar que é cada vez menos possível encontrar coisas em que as nossas empresas não estejam também a trabalhar. O que quer dizer que tecnologicamente estamos alinhados com o que de mais avançado se faz no sector. Há que continuar porque estamos no bom caminho.

Perspetivas. As três coisas mais importantes são, respetivamente, sustentabilidade, sustentabilidade e sustentabilidade. O que no desporto, que significa performance, constitui um desafio muito maior do que na moda – o desafio de encontrar materiais alternativos que não dependam do petróleo sem afetar o rendimento dos atletas.

Estratégia. Não temos preço para competir nos produtos básicos. A estratégia só pode ser uma: afastar-nos definitivamente da concorrência como o Bangladesh e aproximar-nos ainda mais da concorrência com os produtos alemães e suíços. Não é a vender t-shirts que a nossa ITV tem futuro.

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