23 maio 23
Economia

Ana Rodrigues

Farfetch aumenta receitas mas regista prejuízos

Ainda que os resultados apresentados este trimestre revelem a previsão de um regresso à rentabilidade em breve, a Farfetch sofreu o impacto negativo dos câmbios e do ambiente difícil e regressou aos prejuízos. As receitas do primeiro trimestre aumentaram 8% em relação ao ano anterior, para 556,4 milhões de dólares, impactado pelos câmbios.

Os lucros foram negativos em 174 milhões de dólares, em comparação com um lucro de 729 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano passado. O Valor Bruto de Mercadoria (GMV) subiu apenas 0,1% para 931,7 milhões de dólares, mas teria aumentado 4% se as taxas de câmbio tivessem sido estáveis. Entretanto, o GMV da plataforma digital desceu 1%, embora tenha aumentado 2% CCY, para 799,7 milhões de dólares. Isto deveu-se, explica a empresa, a um maior número de venda a preços reduzidos, aos câmbios e a uma mudança na procura dos clientes para produtos a preços mais baixos, que foi compensada – parcialmente – com um aumento no número de artigos por encomenda. No entanto, registou-se uma diminuição do valor médio das encomendas no mercado (AOV) de 632 dólares para 566 dólares.

O desempenho também refletiu a suspensão do comércio na Rússia e na China Continental, onde a procura ainda não recuperou totalmente devido ao levantamento recente das restrições impostas pelos surtos de COVID-19. No entanto, estes fatores foram parcialmente compensados pelo crescimento noutros mercados.

Nesse sentido, o GMV aumentou 10% (ou 15% CCY) para 109,7 milhões de dólares e o GMV em loja aumentou 3,8% para 22,3 milhões de dólares, se não fossem as taxas de câmbio teria aumentado 10%. O aumento foi impulsionado pelas aberturas adicionais de lojas das marcas New Guards nos últimos 12 meses, bem como pelo crescimento do volume de vendas das lojas existentes. Por seu turno, a margem de lucro bruto desceu 160 pontos percentuais para 43,2% e registou uma perda de EBITDA ajustado de quase 35 milhões de dólares (semelhante à de há um ano).

Ainda assim, as receitas foram melhores do que o previsto pelos analistas e os executivos da Farfetch estão satisfeitos, nomeadamente José Neves, o fundador português, presidente e diretor executivo: “Tenho o prazer de informar que a Farfetch voltou a crescer no primeiro trimestre. Os nossos resultados representam o primeiro passo para alcançar o nosso plano para 2023, o nosso Ano da Execução, e demonstram a nossa forte execução face aos contínuos ventos contrários macroeconómicos”, disse, citado em comunicado.

Com diversos projetos e iniciativas a decorrer para incentivar o crescimento, a empresa espera que o GMV do grupo para o ano inteiro seja de aproximadamente 4,9 mil milhões de dólares, o GMV da plataforma digital de cerca de 4,2 mil milhões de dólares, o GMV da plataforma de marca de 0,6 mil milhões de dólares e a margem EBITDA ajustada de 1% a 3%.

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