Bebiana Rocha
As metas para a descarbonização tanto do país como da União Europeia no seu conjunto são ambiciosas e, sendo o sector têxtil e do vestuário um dos que liberta mais emissões, o Roteiro para a Descarbonização da Indústria Têxtil surge como uma alternativa viável para a descarbonização e como uma forma de contribuir para um esforço que tem necessariamente de ser conjunto. O projeto será apresentado dia 31 de outubro, esta terça-feira, nas instalações do CITEVE.
“O RDC@ITV pretende criar um roteiro para a descarbonização da indústria têxtil e do vestuário, que é basicamente traçar as trajetórias das reduções de gases com efeito de estufa e elencar as novas tecnologias que poderão ser implementadas pelo sector para garantir reduções nas emissões, isto para o sector como um todo”, contextualiza Luís Ramos, gestor do projeto, em declarações ao T Jornal.
Do projeto vai também resultar a criação de uma ferramenta para que as empresas possam individualmente calcular a sua pegada de carbono e a organização de formações sobre tecnologias de descarbonização, bem como ações de sensibilização da comunidade, explica o responsável do CITEVE.
“A duração do projeto é de dois anos, começou em abril e termina em março do próximo ano. Diretamente envolvidos estão o CITEVE, a ATP e a ANIVEC”, contextualiza Luís Ramos. Quanto às empresas, serão envolvidas numa fase posterior, de implementação de tecnologias e da criação de roteiros individuais.
No evento de lançamento, dia 31 de outubro, as atenções estarão em duas mesas redondas uma sobre ‘Neutralidade carbónica em 2050: Como lá chegar?’, com José Nogueira (Bondalti), Filipe Rodrigues (DST Solar) e Carlos Pimparel (DGEG); e outra sobre ‘A descarbonização como instrumento para a sustentabilidade do STV’, com Mafalda Paz (Salsa), Bruno Correia (ETFOR), Susana Serrano (Acatel) e José Teixeira (Riopele).
“O sector já tem feito um caminho no sentido da descarbonização, desde os anos 200o, com a troca dos combustíveis mais pesados como o fuelóleo por gás natural”, continua Luís Ramos, especialista nas áreas de energia e ambiente. “As empresas têm descarbonizado, emitido cada vez menos gases com efeito de estufa, sobretudo quando verificamos um indicador que é as emissões de gases com efeito de estufa por cada milhão de euros de valor acrescentado das empresas”, constata.
Na base deste avanço está a procura da ITV por oferecer mais sustentabilidade, mas a conjuntura internacional também acelerou o processo. “A guerra da Rússia com a Ucrânia levou a aumentos muito significativos no último ano e as empresas tiveram de procurar alternativas; várias optaram pela instalação de caldeiras de biomassa e por aí vemos que o sector tem feito um caminho”, exemplifica. Mas termina com a ideia de que “é preciso continuar a forçar mais um pouco o caminho”.