12 maio 2022
Inovação

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Açores quer fazer fio têxtil a partir de algas e lixo marinho

Um consórcio que junta empresas e investigadores e um investimento a rondar os 680 mil euros, são as bases para um projecto que quer transformar lixo marinho e algas infestantes em fios têxteis. As bases de ação foram apresentadas no Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira, Açores.

Denominado Azores EcoBlue, o projeto tem por base um consórcio liderado pela empresa Circular Blue, que integra o Parque de Ciência, centro Okeanos da Universidade dos Açores, Universidade do Minho, a empresa Visual Thinking, o Centro Internacional de Investigação do Atlântico (Air Centre), a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e o Centro de Inovação da Islândia.

“Com este projeto, iremos desenvolver o nosso próprio fio, feito a partir de desperdícios do mar, desenvolver uma tela ou uma membrana que poderá servir ou de isolamento ou de proteção solar e, com isso tudo, fazer uma coleção têxtil e integrar todos estes produtos numa cabana que será feita a partir de barcos descaracterizados ou parados na nossa orla costeira”, explicou à Lusa, a arquiteta Nieta da Ponte Rocha, detentora da Circular Blue e da marca Nieta Atelier.

O projeto vai colocar a empresa a trabalhar novas matérias-primas, retiradas do oceano ou de zonas costeiras. “É uma necessidade, não é uma tendência. Apenas trabalhamos com espécies endémicos ou infestantes, desperdícios têxteis ou excedentes de qualquer indústria têxtil”, explicou a empresária.

Para além do lixo marinho, será trabalhada também uma alga invasora identificada nos Açores pelo centro Okeanos, da Universidade dos Açores. O lixo será recolhido em parceria com autarquias locais, associações de armadores, mulheres de pescadores e escolas.

O projeto-piloto vai arrancar nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, mas o objetivo é expandi-lo para outras ilhas, mesmo fora dos Açores. Financiado pelo EEA Grants e pela Direção-Geral de Política do Mar, o projeto orçado em cerca de 680 mil euros, será desenvolvido até 2024.

 

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