T51 - Março 2020
Empresa

Roupa de sonho para dormir

“Os nossos artigos são requintados, de gama média-alta, feitos com as melhores matérias-primas", afirma Cristina Flores, diretora-geral da Iora Lingerie, que foi buscar inspiração para o nome a uma das mais importantes casas de alta costura francesas

Cláudia Azevedo Lopes

É comum dizer-se que cada homem é um livro. Talvez por isso, Cristina delega no pai a tarefa de contar a história da João Manuel da Costa Flores, a empresa em nome próprio que começou ainda antes de ela ter nascido e criou a marca Iora por associação com a famosa casa de alta-costura francesa. “Dior deu em Iora”, diz o progenitor.

Cristina Flores é hoje a diretora-geral da empresa, mas é o pai a abrir o livro: “Quando vim da tropa, quis começar o meu próprio negócio”, conta. A mãe, Maria Teresa Flores, tinha uma fábrica de têxteis-lar, a Arca, e uma loja, a Casa Flores, onde vendia o que produzia. Não espanta que João Manuel seguisse os trilhos da família. “A minha mãe também fabricava cintas e camisas de dormir e foi aí que eu fui buscar a ideia”, diz o empresário agora aposentado.

Começou em 1973, a produzir camisas de noite 100% algodão com aplicações em renda, o conforto aliado à qualidade e ao requinte que se mantêm como imagem de marca da empresa. Dez anos depois, nasce a marca Iora, nome que advém da associação à francesa Dior.

Com o mercado interno a absorver toda a capacidade de produção (“à volta de 99%”), tudo corria pelo melhor até que aterrou a crise. Estávamos em 2002, o ano em que Cristina se juntou ao pai ao leme da empresa  e juntos tiveram de dar uma volta de 180 graus na estratégia de negócio. “Tínhamos tanto trabalho que até recusávamos encomendas. Em 2002 tudo mudou. O consumo baixou imenso e as lojas que eram nossas clientes fecharam. Percebemos que tínhamos de partir para a exportação”, explica a diretora-geral.

Começaram pelas feiras – SIL, Unique by Mode City e Curve New York – onde foram conquistando clientes de todas as geografias. “O nosso melhor mercado é o México, mas estamos também presentes, para além da Europa, no Líbano, no Kuwait, na Arábia Saudita, no Japão, no Canadá, e temos também agentes em Espanha, na Alemanha, na Bélgica e na Holanda”, revela.

Atualmente, das 8 mil peças que produzem por ano, 70% são para exportação, e 95% da faturação é obtida através da Iora, a marca própria. As duas coleções anuais (verão e inverno) alargaram-se das camisas de noite a pijamas e robes de senhora e são desenhadas entre portas por Cristina, o pai e uma das mais antigas funcionárias (“com o apoio de uma designer para os retoques necessários”), num jogo de mestria onde o know-how e o conhecimento da estética da marca fazem o xeque-mate.

“Os nossos artigos são requintados, de gama média-alta, com as melhores matérias-primas. Estamos em lojas como El Corte Inglês, Paris em Lisboa, Teresa Alecrim, Ana Fred, Casa Morgado…”, desfia a empresária. A braços com o boom de encomendas da próxima coleção de inverno (“até nos deixou um pouco atrapalhados em dar resposta”), 2020 vai ser ano de crescimento para a João Manuel da Costa Flores, que sonha em aumentar a capacidade de produção.

“Com os novos agentes é quase certo que iremos ter um aumento nas encomendas e teremos que dar resposta. A questão é que no verão diminuem drasticamente e teria de ser feito um investimento grande para algo que não vai gerar retorno durante metade do ano… É algo que ainda estamos a maturar”, discorre Cristina, que tem agora em mãos a tarefa de continuar a história que o pai começou há mais de 45 anos.

A Empresa

João Manuel da Costa Flores
Rua da Boavista, 63 A
4700-416 Braga

O que faz? Camisas de noite, pijamas e robes de senhora Exportações 70% da produção para destinos como México, Líbano, Kuwait e Arábia Saudita, além da Europa Produção 8 mil peças por ano Marca Própria Iora, que representa 95% do volume de negócios Plantel 17 trabalhadores

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