O incumbente António Costa
No fundo, Costa oferece mais do mesmo, confiado no nosso natural modo de estar de “deixa-andar”
Um look punk very british
T69 - Janeiro 22
Acabamentos

Katty Xiomara

Katty encontrou nos debates eleitorais muito material de qualidade falado e dançado ao ritmo do “pisca-pisca” de Ruth Marlene, mas é na velha música dos Clash “Should I stay or should I go” que encontrou o mote para o look de António Costa. Um estilo moicano e carregado de simbologia, adequado não só para o estridente concerto de previsões e sondagens, mas também as inevitáveis passeatas e arruadas.

E aqui estamos nós a assistir a esta maratona de debates, uns mais catitas do que outros, alguns esclarecedores e outros, simplesmente estranhos. Tem sido, porém, refrescante ver uma espécie de renovado interesse da sociedade, pela política, mas será que esse interesse se materializa em votos? É que para votar, deixamos de ser treinadores de bancada, temos de nos levantar do sofá e comprometermo-nos com voto. Isto é, claro, se até lá percebermos como podemos ir votar, caso estejamos “Covidiados” ou confinados.

É inegável que estes serões televisivos são uma mina de material jocoso e poderíamos facilmente extrair destas conversas e do comportamento dos ilustres “concorrentes” elementos divinais para os caricaturar. Desde os insultos criativos de direitas “fofinhas” e “mariquinhas”, aos “quarto pastorinho de Fátima” e o “discurso prosaico de miss mundo e miss simpatia” passando pela escolha de temas inabituais como a pena de prisão perpétua ou rendimento básico incondicional, chegando às grandes revelações, como os voos da TAP mais baratos para nuestros hermanos e uma possível “eco-geringonça”. Tudo isto material de qualidade falado e dançado ao ritmo do “pisca-pisca” de Ruth Marlene.

Apesar destes ricos minerais oferecidos pelo subsolo político, decidimos concentrar-nos no incumbente António Costa. Ele que aconselha sensatez e bom senso, através do caminho mais seguro, o da continuidade. Algo que ele decidiu chamar de estabilidade, utilizando como bandeira de campanha o Orçamento de Estado. Sim, esse mesmo, o que provocou toda esta confusão e que ele orgulhosamente exibiu, qual bíblia de conteúdo inédito, no final do principal debate televisivo. 

No fundo, Costa oferece mais do mesmo, confiado no nosso natural modo de estar de “deixa-andar”, esquecendo o nosso lado aventureiro, aquele de outros tempos e que nos fez dar a volta ao mundo. O secretário-geral do Partido Socialista, até parece saturado do seu outro cargo, o de primeiro-ministro, porém, perder não é opção. Nos debates notámos, ora uma confiança muito ao estilo Costa pedindo uma maioria absoluta e apontando Marcelo como o seu tutor, ora o vemos admitir uma governação à Guterres, denunciando um nervosinho em surdina, quanto a Rio. Não sabemos qual a verdadeira vontade de Costa, mas a vontade do povo, segundo as sondagens, é de que tudo fique na mesma, como a lesma.

Assim, a velha música dos Clash “Should I stay or should I go” é a nossa inspiração de base para um Costa que tenta auxiliar-se, mais do que nas sondagens, em todas as previsões astrológicas e esotéricas, a fim de descobrir a indecisão do povo ou até a sua própria. 

A música leva-nos numa viagem temporal com 40 anos, logo, decidimos adotar aquele look punk very british dos anos 80, carregando de preto os seu olhar otimista e esculpindo os seus cabelos brancos até formarem um exuberante moicano. Safety pins e correntes decoram as suas orelhas e se espalham pelos rasgões de uma t-shirt preta rabiscada. Uma coleira de tachas em pele com umas genuínas bondage pants de tartã e umas clássicas Dr Martens. E voilá!!!  Prontinho para as passeatas e arruadas e para o concerto estridente de previsões e sondagens.

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