13 Setembro 2017
Trading

Raposo Antunes

Vipetrade: um “salto no escuro” que já vende 25 milhões de euros

Não lhes faltava know-how graças aos anos de trabalho e conhecimento que foram acumulando enquanto foram colegas de trabalho na Coelima Indústrias Têxteis SA, à época a maior empresa nacional de têxteis lar. Esse “à época” remete para 1987 quando António Perry (à direita na foto) e Ovídio Fernandes (sentado), ambos engenheiros, decidiram sair da Coelima. “Foi a nossa universidade de vida”, confessam agora.

Saturados com o rumo que a Coelima estava a levar, os dois engenheiros resolveram dar “um salto no escuro”, como os próprios dizem, fundaram em 1987 a empresa Eurotrade Ovidio Fernandes & Cª Lda que alguns anos mais tarde viria a dar origem à Vipetrade Comércio Internacional Lda.

A Eurotrade dedicou-se inicialmente ao agenciamento de duas grandes tradings europeias para venda de fios para tecelagem, malhas e telas para vestuário e têxteis lar, sendo pioneira no que se refere às telas e tendo atingido ao fim de poucos anos vendas superiores a 20 milhões de dólares anuais com apenas os dois sócios e duas funcionárias.

“O salto no escuro valeu a pena. Alguns anos mais tarde e sentindo-nos ultrapassados em muitos casos pelas nossas representadas reconhecemos que éramos o elo mais fraco da cadeia e resolvemos com o apoio de um dos bancos nacionais enveredar também pelo negócio trading”, contam.

Assim, além do agenciamento passaram também a importar e vender mercadorias. “O inicio acabou por ser bastante doloroso, dado que tivemos logo no primeiro ano um grande incidente de crédito com um cliente de fio que nos criou bastantes dificuldades”, recordam.

Mas lembram também que rapidamente “levantaram a cabeça e continuaram a lutar”. Decidiram então terminar com a venda de fios dado o risco de crédito e constantes reclamações de clientes e enveredar por uma especialização exclusiva em telas para têxteis lar particularmente lençóis.

O volume de negócios foi crescendo, tendo atingido os 21 milhões de euros de vendas em 2016 com previsão para ultrapassar os 25 milhões em 2017, o que torna a Vipetrade a maior empresa nacional no seu ramo por larga margem com um valor de mercado superior a 12 milhões de euros sendo os principais concorrentes – precisamente as tradings que em tempos representou.

A Vipetrade encontra-se a meio da tabela do ranking das 1500 maiores PME de Portugal.

Neste momento, a segunda geração já entrou na empresa, que nunca deixou de ser familiar, sendo gerida por Tiago Fernandes (à esquerda na foto), filho de Ovidio Fernandes.

“A Vipetrade tornou-se num elo fundamental na indústria nacional de têxteis lar dado que fornece telas a praticamente todos os produtores e exportadores nacionais”, explicam, e acrescentam ainda: “Temos ainda uma pequena presença no mercado espanhol onde pretendemos crescer gradualmente. Estas telas já não são produzidas pela indústria nacional pelo que se trata de importações virtuosas sem as quais os nossos exportadores não conseguiriam trabalhar”.

Indiretamente, a Vipetrade está presente em grandes nomes como Zara, Walmart, Ikea, Carré Blanc, Continente, etc.

Atualmente a empresa vende telas cruas 100% algodão, 100% linho, polyester/algodão, microfibras 100% polyester, bem como malhas para fabrico de lençóis.

“Temos também uma pequena produção subcontratada de lençóis confeccionados para hotelaria que vendemos a armazenistas que fornecem os hotéis sendo esta uma área que pretendemos potenciar o crescimento com algumas parcerias”, conta António Perry.

“Os nossos produtos têm origem na China, India e Paquistão onde temos estruturas locais subcontratadas para controle de qualidade a todos os produtos importados que ultrapassará este ano os 320 contentores”, afirmam.

“A Vipetrade tem-se diferenciado dos seus concorrentes pelo tratamento atempado e pelo assumir de responsabilidades nas reclamações dos seus clientes que sabem ter na nossa empresa um parceiro de confiança”, dizem ainda.

A Vipetrade tem neste momento um quadro de pessoal de 10 pessoas, sendo cinco no back office, duas nas vendas, três no armazém para além dos cinco sócios trabalhadores prevendo reforçar até final do ano o back office com mais uma pessoa.

A empresa tem sede em S.Torcato Guimarães e um capital social de 575.000 euros. “Prevemos atingir a faturação de 30 milhões de euros no prazo de 2 anos sem mais investimento nem admissão de pessoal”, concluem.

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