03 fevereiro 20
Envolvente macro

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Presidente da ATP diz que o têxtil vai continuar a crescer

Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário, diz, em entrevista ao jornal Expresso, que “o cenário que temos traçado [para o setor têxtil] é positivo. Acreditamos que o investimento feito pelas empresas em produtividade, novas tecnologias, sustentabilidade, recursos humanos, são fatores diferenciadores que vão permitir continuar a crescer”.

Mesmo que, como salientou, a envolvente macro coloque no horizonte algumas nuvens negras que compete ao Governo remover: “devíamos estar muito preocupados com poder político, que destrói a nossa competitividade”, num quadro em que “tudo isto parece estar a ser pensado por quem acredita que o crescimento económico assenta nos centros comerciais”.

Muito crítico de algumas opções do Governo tanto em relação à fiscalidade como às leis do trabalho – passado pelas opções que interferem especificamente com o setor industrial, Mário Jorge Machado afirma que “tudo o que os empresários fizeram e estão a fazer podia puxar muito mais pelas exportações sem tanto vento contrário”.

Uma das formas de o fazer, refere, “seria alterar legislação e as áreas a trabalhar estão todas identificadas”. Por exemplo, “temos uma das legislações laborais mais rígidas do mundo, mas também temos problemas no sistema judicial porque a resolução de conflitos em tribunal demora tempo demais; e na formação profissional, que tem níveis ridiculamente baixos”; “O  financiamento continua a ser outro ponto crucial, continuamos a ter os bancos mais preocupados com as garantias do que com os projetos”

O presidente da ATP deixa algumas pistas sobre o que considera ser o caminho que a economia portuguesa deve trilhar: “é preciso criar condições para as empresas crescerem, terem ganhos de produtividade e pagarem melhores salários. Isto não se pode fazer ao contrário”, ou seja, começando pelo aumento dos salários.

“Precisávamos urgentemente de ver a nossa economia aproximar-se dos 10 primeiros lugares no ranking da competitividade mundial, mas estamos a avançar em sentido oposto. Estamos a criar rigidez, a dificultar a vida das empresas, a criar-lhes problemas”, sintetiza Mário Jorge Machado, que não esquece um dos temas mais atuais do momento: “não faz sentido ter 250 trabalhadores e vendas de 50 milhões de euros como limite no acesso aos apoios das PME como qualquer empresa tecnológica”.

 

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