01 Abril 21
Comércio

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H&M e Nike criticam produção em Xinjiang e China retalia

As denúncias de trabalho forçado nos campos de algodão de Xinjiang abriram uma fenda entre a comunicação de várias marcas ocidentais e as autoridades chinesas. A sueca H&M e a norte-americana Nike, entre outras marcas, publicaram no verão passado mensagens a exigirem reformas na cadeia de fornecimento e agora os responsáveis chineses começaram a retaliar, retirando os produtos das plataformas de e-commerce locais.

O grupo H&M respondeu esta quarta-feira, com um comunicado em que afirma querer reconquistar o público chinês. As mensagens publicadas pela H&M e Nike datam de julho do ano passado, mas parece só agora estarem a criar impacto. Na altura, várias marcas emitiram comunicados independentes com o objetivo de se dissociarem da produção algodoeira em Xinjiang, acusada de submeter centenas de milhares de uigures e outras minorias étnicas a trabalhos forçados.

O assunto foi agora ressuscitado nas redes sociais chinesas, com as autoridades locais a intervirem: “Penso que uma empresa não deve politizar a sua atividade económica. Será que a H&M continuará a fazer dinheiro no mercado chinês? Penso que não”, afirmou o líder local Xu Guixiang, de acordo com a BBC, um dos órgãos de comunicação que denunciou os casos de abusos laborais.

De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, nos últimos dias, os produtos da marca H&M terão sido ocultados das plataformas de e-commerce JD.com, Taobao, e Pinduoduo, sendo que a online store do grupo sueco na plataforma Tmall, da Alibaba, também já não está acessível.

Entre os muitos apelos a um cancelamento da presença das marcas ocidentais, o Comité Central da Liga Comunista da Juventude Chinesa publicou uma mensagem na rede social Weibo (conhecida como o ‘Twitter chinês’), na qual desafia: “Querias ganhar dinheiro na China enquanto espalhas boatos para boicotar o algodão de Xinjiang? Querias!” A indignação online foi seguida por celebridades locais, como é o caso do cantor e ator Wang Yobo, que cancelou o seu contrato publicitário com a Nike.

O grupo H&M – que conta com cerca de 500 lojas no território chinês – reagiu à polémica esta quarta-feira, com um comunicado em que reafirma a importância do mercado chinês na sua estratégia de atuação e promete que se vai esforçar por reconquistar a confiança do público, mantendo a relação com os parceiros locais. Nada é referido em relação às denúncias de trabalhos forçados.

Para a indústria têxtil, a desconfiança em torno do algodão produzido em Xinjiang – região que representa um quinto da produção mundial – conduziu já a uma subida dos preços na matéria-prima e a uma escassez em mercados alternativos, como os Estados Unidos ou a Índia.

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