03 março 20
Indústria

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ATP alia-se ao Governo na contenção do Coronavírus

O vice-presidente da ATP Miguel Pedrosa Rodrigues esteve esta segunda-feira numa reunião com o ministro da Economia, Pedro Siza Viera, por causa da previsível proliferação do Coronavírus com vista a preparar medidas de combate e contenção às consequência económicas e de saúde pública. Para o encontro, no Ministério da Economia, foram convocadas as associações setoriais e confederações nacionais da indústria portuguesa.

Miguel Pedrosa Rodrigues disse ao T Jornal que ficou claro que o Governo está em monitorização e avaliação permanente da evolução do problema, tendo aconselhado fortemente todos os agentes económicos a assumirem uma postura proporcionada em relação ao problema. Quer isto dizer, afirmou Pedrosa Rodrigues, que nomeadamente o fecho de fronteiras ou o cancelamento de eventos cuja realização não esteja prevista para zonas de alto risco epidémico são, neste momento, medidas desproporcionadas e que não fazem sentido.

O problema “obriga o Governo a fazer esforços de contenção e de acompanhamento e a concertação de medidas em função da dinâmica do seu próprio desenvolvimento”, referiu o vice-presidente da ATP. O Governo prometeu absoluta transparência na gestão do processo – um fator essencial para a produção de uma resposta eficaz à epidemia: “a desinformação e o pânico são talvez o maior risco que enfrentamos hoje”, disse, para enfatizar que “a desproporcionalidade de medidas é perigosa” tanto para a saúde pública quanto para a economia.

Uma evidência dessa desproporcionalidade reside no facto de, já neste momento, as seguradoras terem retirado a cobertura a algumas viagens de negócios, o que tem motivado o cancelamento de visitas e reuniões de negócios, “o que não faz sentido nenhum”. “Tem que se apelar à calma e reagir em função” de uma análise ponderada das consequências da epidemia.

Pedro Siza Vieira “registou todas as preocupações setoriais que lhe foram endereçadas” tendo o ministro “sugerido a disseminação de boas práticas para a contenção da epidemia”. Neste quadro, o Governo compromete-se, perante a monitorização da epidemia e numa base de cientificidade em oposição ao pânico, a implementar medidas de resposta quando elas se verificarem necessárias.

O que para já não tem resposta possível, como também ficou evidente na reunião no Ministério, é que a lógica em que se baseia a economia europeia entre em falência ao mais pequeno detalhe: “compramos à China para mais tarde voltarmos a vender coisas caras à China”, disse Pedrosa Rodrigues. Esta lógica de grande geografia onde a indústria transformadora tem cada vez mais um único fornecedor e um único cliente que por acaso são o mesmo, acaba por expor as empresas a um risco que o coronavírus está a tornar evidente. Apesar de todos os avisos.

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