Uma das alternativas emergentes é o recurso à biotecnologia, nomeadamente a microrganismos como produtores de novos biomateriais biodegradáveis, como é o caso da celulose bacteriana (CB). Esta macromolécula natural produz-se por meio de tecnologias de fermentação, onde os microrganismos convertem nutrientes específicos em celulose, a qual é excretada para o meio de cultura. Esta celulose bacteriana é, assim, facilmente recolhida e processada para uso numa variedade de aplicações, incluindo a indústria têxtil.
be@t
Em alinhamento com os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), na indústria têxtil há uma procura e necessidade crescente por matérias-primas sustentáveis como alternativa aos materiais de base fóssil, mas também aos naturais, que por sua vez têm também associado um grande impacto ambiental devido ao uso de pesticidas, grandes quantidades de água e ocupação de terrenos aráveis ou de floresta.
Uma das alternativas emergentes é o recurso à biotecnologia, nomeadamente a microrganismos como produtores de novos biomateriais biodegradáveis, como é o caso da celulose bacteriana (CB). Esta macromolécula natural produz-se por meio de tecnologias de fermentação, onde os microrganismos convertem nutrientes específicos em celulose, a qual é excretada para o meio de cultura. Esta celulose bacteriana é, assim, facilmente recolhida e processada para uso numa variedade de aplicações, incluindo a indústria têxtil.
Um dos principais atrativos deste biopolímero é a sua sustentabilidade ambiental. Ao contrário das matérias-primas convencionais, como o algodão e o poliéster, a CB não requer o uso intensivo de recursos naturais, como água e terra arável. A estrutura nanofibrilar (100-200 vezes mais fina do que a celulose vegetal) confere-lhe uma excelente resistência mecânica e flexibilidade e um maior grau de polimerização e pureza em comparação com a celulose vegetal, características que, juntamente com a sua biodegradabilidade, a torna uma opção atraente para produtos de moda sustentável.
A produção de CB por microrganismos também oferece uma oportunidade para reutilizar subprodutos orgânicos de baixo custo, como glicerol residual de biodiesel, bagaço de uva e resíduos da indústria agrícola. Esses materiais podem servir como fontes de nutrientes para as bactérias produtoras de CB, tornando o processo mais económico e sustentável, sendo esta a abordagem seguida no projeto integrado be@t – Bioeconomia Têxtil.
Atualmente, as aplicações comerciais da CB na indústria têxtil ainda estão em estágios iniciais, e restrita a nichos de negócio. No entanto, já existem alguns desenvolvimentos promissores, incluindo o uso de CB em vestuário, acessórios e têxteis-lar. Além disso, a CB também tem potencial para substituir materiais convencionais, como o couro animal, em produtos de moda, estando algumas empresas e designers a explorar formas de utilizar a CB para criar um material alternativo, que possui características semelhantes, estéticas e funcionais do couro tradicional, mas sem os impactos ambientais associados a esta indústria.
O principal desafio para uma utilização à escala industrial prende-se com a implementação da produção da CB em grande escala, nomeadamente o compromisso entre custo-produtividade, desafio esse que o be@t pretende resolver. Assim, para que a CB possa ser amplamente adotada pela indústria têxtil, são necessários avanços adicionais em investigação e desenvolvimento, incluindo a otimização dos processos de produção de CB, a melhoria das suas propriedades físicas e químicas e a criação de padrões e regulamentações para garantir a maior qualidade e segurança.
Em resumo, a celulose bacteriana representa uma abordagem sustentável para a indústria têxtil, oferecendo uma alternativa ecológica e inovadora aos materiais convencionais. Com mais investimento em I&D e colaboração entre empresas, academia e entidades governamentais, a CB tem o potencial de transformar a maneira como produzimos e consumimos produtos têxteis, tornando o nosso mundo mais sustentável e consciente.
Projeto be@t
O projeto Integrado be@t – Bioeconomia Têxtil (TC-C12-i01 – Bioeconomia Sustentável N.º 02/C12- i01/2022), é financiado pelo Fundo Ambiental através da Componente 12 – Promoção da Bioeconomia Sustentável, promovido pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito do Mecanismo de Recuperação e Resiliência da União Europeia (UE), enquadrado no Next Generation UE, para o período de 2021 – 2026.