Uma porta para o futuro

Foi com o objetivo de desenvolver um painel de porta do futuro, que integre materiais e soluções tecnológica avançadas, que a Simoldes Plásticos se uniu a mais duas entidades industriais (Stellantis e Doureca) e quatro centros tecnológicos (CITEVE, CeNTI, CEIIA e INL) para dar início ao projeto FDPanel. 

Um desenvolvimento ambicioso que irá resultar na criação de cinco painéis de porta, com diferentes níveis de funcionalização (iluminação, elementos sonoros, têxteis e decorativos) para responder a diferentes gamas de automóveis. 

“O primeiro mostrador é o mais simples e económico, o segundo é mais rico em termos de materiais, o terceiro diria que é muito semelhante ao segundo, mas com nuances ao nível dos materiais, com efeitos tridimensionais para passagem de luz. No quarto os materiais têm mais texturas e funcionalização e o quinto é o mais funcionalizado de todos”, explica José Coelho, project manager da Simoldes. “Ao nível têxtil temos diferentes composições dependendo do painel de porta. Como no primeiro mostrador não temos iluminação, quisemos dar valor acrescentado através da estrutura têxtil com um efeito iridescente, ou seja, dependendo do ângulo de visão conseguimos ver diferentes cores”, completa Cristina Oliveira, gestora na área da mobilidade e transportes do CITEVE, responsável pelo desenvolvimento de estruturas têxteis e também complexos laminados nos modelos que incorporam iluminação. 

O projeto aporta valor também pela sua componente sustentável – incorpora materiais reciclados e desperdícios – e por trazer uma redução de peso ao painel de porta, sem comprometer a sua resistência a impactos – “conseguimos uma redução de peso entre 15 a 20%”, precisa José Coelho. 

De referir igualmente a componente de gestão térmica – que permite ganhos ao nível do conforto” – e de detenção de tacto, entregue ao CeNTI. “Recorrendo à eletrónica impressa, foram desenvolvidos sensores, atuadores de piezoelétricos e sistemas de iluminação para os diferentes componentes do painel de porta, integrados por diferentes processos como moldação, injeção, press covering, laminagem, entre outros. Trabalhamos ainda ao nível de fibras costuráveis com propriedades de difusão de luz de forma a criar novos efeitos no interior”, relata Daniela Campanhã, team leader na área de Smart Materials do CeNTI. 

Relativamente às novas soluções acústicas são desenvolvidas pelo INL: “nos modelos atuais a coluna de som ocupa muito espaço, o que fizemos foi libertá-lo para colocar uma zona de arrumação”, explica José Coelho.  

“O principal desafio diria que foi fazer a ponte entre as inovações e industrialização, ao mesmo tempo que dávamos uma utilidade a cada uma das funcionalidades”, continua. 

“Encontrar soluções que correspondessem ao design idealizado e de alguma forma conseguirmos a integração da iluminação nessas soluções têxteis, cumprindo os requisitos funcionais do caderno de encargos da Stellantis”, é outro dos desafios, apontado pelo CITEVE. “Não obstante, em termos de eletróncia todo o desenho e arquitetura do sistema foi bastante desafiador”, completa o CeNTI. 

O projeto está neste momento em fase final de construção dos mostradores e testes. Segue-se a incorporação do painel numa porta real, com um veículo associado. O trabalho de divulgação já tem sido feito, com a participação em feiras como a Automotive Interiors. O CITEVE organizou também no passado dia 18 de maio um Tech Day (foto) comprovando que o têxtil pode estar mesmo em toda a parte.