T83 - Maio 23
Produto

Pensos, logo existem

TEX4WOUNDS, um tratamento de feridas que não libertassem fibrilas, responsáveis por desencadearem processos inflamatórios.

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Foi com o objetivo de trazer ao mercado novos materiais têxteis para o tratamento de feridas que não libertassem fibrilas, responsáveis por desencadearem processos inflamatórios, que a Somani se juntou ao CITEVE, à Universidade Católica e à Fourmag para darem início ao projeto TEX4WOUNDS. 

“Uma das grandes motivações deste projeto era conseguir integrar num único material de penso diferentes tecnologias, nomeadamente que consigam garantir o enxurdado e incorporar aditivos que promovam a cicatrização e que se adapte a diferentes tipologias de feridas”, conta Sofia Rodrigues, técnica de inovação do CITEVE. “O penso tem propriedades bactericidas e bacteriostáticas e capacidades anti-inflamatórias tudo de base natural, que não existe muito na área médica”, sublinha Miguel Sousa, Head of Business Development da Somani. 

O projeto irá materializar-se em três produtos: “um material de penso para limpeza e desbridamento, um penso dinâmico, absorvente e promotor de cicatrização com estrutura laminar e um penso cavitário, para feridas mais profundas”, explica Miguel Sousa.

“Estamos a desenvolver um material de penso para limpar pronto a usar. Já é fornecido em húmido, não há necessidade de o utilizador colocar um líquido deslactante, que é outra característica inovadora, a par do design”, acrescenta Sofia Rodrigues. “A maior parte dos pensos que existem são quadrados ou redondos, os nossos pensos para desbridamento são tridimensionais e adotam uma forma ergonómica. Estamos também a testar a possibilidade de incorporar produtos que alterem de cor para indicar se a ferida está com infeção ou não”, diz Miguel Sousa. 

Em termos de papéis o CITEVE foi responsável por fazer a ponte entre as empresas e a investigação, contextualiza Sofia Rodrigues: “Fizemos os ensaios das propriedades do têxtil, a parte da caracterização de amostras, identificação de fibras”. Já a Somani estará responsável pelo scale up do projeto. “Como se trata de um produto de grande consumo e descartável é importante termos um preço competitivo. Este produto não vai ser confecionado, vamos ser a empresa que vai produzir o têxtil e vamos tentar usar maquinaria para podermos fazer o penso com pouca intervenção humana”, contextualiza Miguel.  

O consórcio conta ainda com o contributo da Universidade Católica: “Numa primeira fase fizemos um screening do comportamento dos têxteis em situações de contacto com a ferida para perceber quais seriam os melhores. Fizemos uma seleção desses têxteis e depois funcionalizá-los. Cada camada tem uma função e foram também incorporados diferentes compostos ativos que permitem reduzir os tempos de tratamento”, conta Ana Leite, professora auxiliar e investigadora da Escola Superior de Biotecnologia. 

“Faço um balanço muito positivo deste projeto, serviu para aproximar a área clínica da área industrial. Destaco também o contributo do enfermeiro Paulo Alves, que vai nos dando diretrizes em termos aplicacionais, por exemplo que requisitos têm de ter os pensos em termos de absorção dos fluídas da ferida. Está agora também a desenvolver os modelos de teste, simuladores com recurso a tecnologia 3D, para termos uma noção mais realista de como se comportam em contacto com a ferida”, esclarece. 

Depois dos bons resultados nos protótipos o projeto avança assim para uma fase de testes com simuladores de feridas, ao mesmo tempo que vão apresentando mundo fora os produtos. A prova de conceito já foi apresentada em novembro passado na feira Medica, na Alemanha e a próxima paragem é agora uma conferência nos Estados Unidos.

O Produto

TEX4WOUNDS
Desenvolvido pela Somani, CITEVE, Universidade Católica e Fourmag

O que é: Materiais têxteis avançados (pensos) para o tratamento de feridas Principal Contributo: Limpeza, desbridamento e cicatrização de feridas superficiais ou profundas Estado do Projeto: Data de conclusão prevista para junho deste ano, o consórcio está neste momento a testar os protótipos em simuladores de feridas

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