T90 - Fevereiro 24

Que indicadores de negócio já foram identificados para 2024?

O ano 2024 advinha-se algo incerto para o sector têxtil a nível mundial que, à semelhança do que acontece com a economia como um todo, teme o impacto de alguma retração no consumo. No entanto, para os empresários portugueses ouvidos pelo T Jornal, esta instabilidade global pode traduzir-se numa oportunidade para o cluster português. Janeiro é prova disso mesmo: a participação nas grandes feiras internacionais trouxe bons resultados aos empresários que, apesar de algo desconfiados, celebram os sinais de esperança alcançados.

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Depois de um ano, o de 2023, que até não começou bem mas que continuou muito mal – o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, disse que o seu desejo para 2023 era que passasse depressa! – a expectativa geral era antecipadamente negativa, Mas Janeiro veio (ao contrário do esperado) trazer sinais muito positivos aos empresários têxteis portugueses que, através da participação nas principais feiras europeias e mundiais do sector – como a Milano Unica, Première Vision e Munich Fabric Start – captaram a atenção dos compradores internacionais, depois de terem visto os seus stands cheios de interessados.

É o caso da Somelos que, refere Paulo Melo, CEO da empresa, se surpreendeu como “o excelente ritmo e qualidade das feiras”. “Mas não nos devemos iludir: este será um ano comercialmente muito difícil e a qualidade das feiras, que é inegável, não é indicador de que o ano vai ser bom”, avança com frontalidade. Paulo Melo diz por isso ser fundamental “manter a vigilância e o espírito de sacrifício” ainda que o mês de janeiro se tenha revelado uma “agradável surpresa” tanto para o grupo que dirige como para o sector têxtil no geral.

Uma perspetiva idêntica tem Ricardo Silva, CEO da Tintex, que apesar de assistir a “um crescimento face ao ano passado”, admite que “a expectativa dentro do sector têxtil para 2024 é no geral negativa”. Para o gestor, apesar da conjuntura económica mundial apresentar bastante instabilidade, há que ter em conta, como dado positivo, o facto de os “custos energéticos estarem controlados”, o que, pensa, “é um bom indicador de estabilidade”.

Alexandra Araújo
"Vamos ser agradavelmente surpreendidos porque qualidade e design é algo que não nos falta"
Assim, e perante um bom arranque no mês de janeiro, é com otimismo que Ricardo Silva perspetiva “um crescimento no volume de negócios face ao ano passado”, conclui.

Com uma visão algo disruptiva e impulsiona pelos resultados obtidos nas feiras internacionais trabalhadas pela LMA, Alexandra Araújo acredita que o ano de 2024 “vai depender em larga medida do empenho dos portugueses”. E explica: “nós somos um país pequeno, a nossa economia não é assim tão grande. Ou seja, se as equipas comerciais e o departamento financeiro das empresas se empenharem, vamos, com algum esforço, é certo, obter resultados positivos. Agora é preciso essa consciência de trabalho”, reflete. Em termos operacionais, os dados de janeiro têm mostrado isso mesmo à CEO da LMA, que se diz “surpreendida” com o nível de atividade e interesse dos compradores, que estão “ávidos de inovação”. “Temos de lhes oferecer essa inovação e trabalhar muito. Se assim for, vamos ser agradavelmente surpreendidos porque qualidade e design é algo que não nos falta”, remata Alexandra Araújo.

Consolidar é a palavra de ordem para a Blackspider, empresa detentora da marca de moda feminina Cristina Barros, e que se revela muito satisfeita com o “bom ritmo e qualidade de compradores” que encontrou nas feiras internacionais ao longo do mês de janeiro. “Conseguimos estar presentes em todas as feiras a que nos propusemos e esperamos que seja um ano de consolidação de mercados”, avança Marco Costa, CFO da empresa.

Ricardo Silva
"A Tintex perspetiva um crescimento no volume de negócios face ao ano passado"
Com a intenção maior de “fortalecer uma presença considerável” nos mercados onde tem já uma quota significativa, o gestor da Cristina Barros admite, no entanto, que 2024 não será um ano para “grandes investimentos”.

Quem de alguma forma partilha desta postura cautelosa é a TMG Textiles que, assume Hélder Rosendo, vê 2024 como “um ano seguramente desafiante e com muitas incertezas em várias dimensões”. Ainda assim, analisando os resultados obtidos durante o mês de janeiro, nomeadamente durante a participação nas feiras internacionais Milano Unica e Première Vision, “poderíamos estar tentados a antecipar em 2024 será melhor que 2023”. A experiência e sabedoria da TMG Textiles recorda, no entanto, que “janeiro de 2023 também foi um mês com sinais positivos e que o ano acabou por não ser dos melhores, principalmente devido à quebra no terceiro e quarto trimestres”, diz Hélder Rosendo. Razão pela qual defende vale a pena manter a “desconfiança” na “expectativa que o melhor cenário se confirme”, remata.

A operar num outro segmento, o dos têxteis-lar, a JF Almeida revela-se otimista, apesar de assumir que 2024 está a revelar-se um ano “desafiante”, assim o define João Almeida. “Janeiro arrancou bem, a Heimtextil trouxe-nos bons feelings”, confessa o administrador da empresa vertical, que espera manter o crescimento da JF Almeida ao longo de 2024.

 

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