O têxtil e o vestuário portugueses são hoje o melhor exemplo de uma indústria tradicional que se soube manter competitiva através da aposta na qualidade, na customização, na constante inovação e atenção às tendências nos mercados e na criatividade e design.
Depois de, há 10 anos atrás, ter registado uma significativa perda de mão de obra e uma grande redução do número de empresas, hoje é um dos setores do país que mais exporta. Só no primeiro semestre de 2016 as suas exportações cresceram 5%.
Verifica-se também que, neste setor, o Made in Portugal já é hoje um fator de valor acrescentado. Para isso muito contribuiu a compreensão da importância do design para a competitividade da indústria. Eventos como o Modtissimo têm nesse processo um papel fundamental.
O design, muitas vezes visto apenas como a abordagem estética das coisas, deve hoje ser entendido como uma forma de estar disponível e apto para os exigentes desafios que a modernidade coloca, nomeadamente a digitalização da economia.
Já todos sabemos que há uma nova revolução industrial em curso, que se caracteriza pela introdução de um conjunto de tecnologias digitais nos processos de produção, na relação entre os vários intervenientes na cadeia de valor, na relação com o cliente ou mesmo no modelo de negócio.
No Têxtil, a digitalização e o comércio eletrónico têm revolucionado modelos de negócio, conferindo muito mais poder de customização e de escolha aos clientes.
Mas não é apenas na relação com o cliente que a tecnologia veio revolucionar o setor. Dentro da fábrica, vemos cada vez mais máquinas e mais produtos por elas produzidos a serem equipados com sensores ou a estarem ligados à Internet.
Na Alemanha, França, EUA ou Japão, já se começaram a desenhar estratégias nacionais para a chamada Indústria 4.0. Em Portugal, em Abril de 2016 foi lançada a iniciativa Indústria 4.0 que se destina a promover o diálogo entre os principais utilizadores destas tecnologias – as empresas. Ao todo, o Governo convidou mais de 80 empresas para colaborarem em grupos de trabalho sectoriais.
Há já muitas empresas deste setor a introduzir tecnologias digitais na sua cadeia de valor, nomeadamente através do e-commerce, mas também nos seus produtos e nas suas fábricas, tornando-as mais inteligentes e mais competitivas.
Também por isso, o Governo considerou ser um dos setores com mais responsabilidade para liderar o processo de mudança na nossa Indústria. Refira-se também o seu elevado peso na economia e o grau de abertura das suas empresas para a digitalização.
Assim, em Abril de 2016 foi criado um grupo de trabalho Indústria 4.0 para o setor da Moda, que integra diversas empresas do setor, incluindo grandes multinacionais que operam de Portugal para o mundo, mas também diversas PME flexíveis e ágeis, que dominam as tecnologias e linguagens características desta quarta revolução industrial.
Este é um dos grandes desafios que se colocam às empresas na atualidade, tanto em Portugal como no resto do mundo. A aposta em design e inovação, não só nos produtos como nos processos, permitirá ao Made in Portugal continuar a acrescentar valor o Têxtil e ao Vestuário portugueses. Não há motivo para que as empresas e as marcas portuguesas deste setor não possam liderar no mercado global.
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