Bebiana Rocha
A reutilização têxtil e a economia circular chegam, este mês de abril, a novos territórios pela mão da Vintage for a Cause. Os municípios de Sabrosa, Alijó e Tabuaço vão acolher o projeto ClubesUp, criado para capacitar também os mais jovens para a economia circular no setor têxtil.
“Já fazemos esta capacitação da população desde 2013, com mulheres acima dos 50 anos, e temos vindo a notar uma crescente procura por workshops nesta área por parte das faixas etárias mais jovens. Por isso, vamos abrir a oportunidade a mulheres acima dos 35 anos que estejam desempregadas e também a crianças com mais de seis anos”, explica Helena Antónia, fundadora da Vintage for a Cause.
Aumentar a literacia e criar impacto em torno de práticas mais sustentáveis, assim como promover o empreendedorismo, são os principais objetivos do trabalho da marca. “A alteração dos hábitos passa por envolver os jovens e as famílias, assim como as organizações sociais e os municípios, que estão mais próximos da comunidade.”
As pessoas que vão integrar estas oficinas de reparação de vestuário já estão sinalizadas e começam oficialmente em Sabrosa no dia 10 de abril. “Temos 60 mulheres, 20 por cada concelho, e cerca de 90 crianças, mas os números podem crescer”, refere ao T Jornal. No caso dos mais pequenos, as dinâmicas incluem, por exemplo, upcycling de fatos de Carnaval antigos e remendos criativos.
As oficinas estendem-se até outubro de 2026, culminando num festival onde serão apresentados os resultados. “É uma dinâmica que demora a implementar, mas que traz vantagens para os municípios e para as pessoas, que ficam mais felizes, contribuem para a sociedade e, muitas vezes, dão continuidade às atividades mesmo após a nossa saída”, salienta. Como exemplo, menciona Guimarães, que já criou um projeto similar, voltado para os têxteis-lar.
A Vintage for a Cause mantém também, no mesmo âmbito, parcerias com o Colégio de Ribadouro e outras escolas privadas, que começam a educar os mais jovens para prolongarem o ciclo de vida das suas roupas, bem como com universidades. “Vamos realizar dois encontros na UTAD, em Vila Real, para trabalhar a sustentabilidade, não só a título individual, mas também coletivo, como na organização de Semanas da Sustentabilidade”, acrescenta.
“Há uma reputação positiva, que nos deixa muito contentes. Resulta de um trabalho consistente das nossas equipas, que aliam metodologias e o potencial de reutilização têxtil às características de cada território”, conclui. Esposende personifica esse cuidado com a personalização, estando a ser preparadas sessões para a comunidade migrante.
“Gostávamos de explorar, nos próximos dois anos, a zona do Vale do Ave, Cabeceiras de Basto e Póvoa de Lanhoso, assim como entrar na zona Centro, em municípios como Fundão, Covilhã, Castelo Branco e Sever do Vouga”, enumera Helena Antónia. A Zona Sul, na sua opinião, já não precisa tanto destas iniciativas, pois a população é menos envelhecida e há menos desemprego, mas não a exclui totalmente das possibilidades.
“A reciclagem têxtil é uma solução muito discutida e permite tratar os têxteis em maior escala, mas não é a única solução. O que tentamos fazer no nosso dia a dia é mostrar que, antes de chegar ao ponto da reciclagem, é possível reparar”, conclui.