05 maio 21
Formação

Cláudia Azevedo Lopes

Transparência é a chave para atrair jovens para a têxtil

A transparência da indústria têxtil é crucial para a atração dos jovens para o sector e para a sobrevivência das empresas. Foi esta a concussão da conferência “Pense Indústria: Atração de talentos para a indústria”, que contou com a participação de Ricardo Silva, da Tintex, e de Júlio Sá, da Genotrix.

“Os criadores são a indústria, nós é que fazemos as coisas que os consumidores gostam de usar, e quanto mais eles virem o processo e tudo o que se passa dentro das empresas, mais atrativa a indústria têxtil vai ser”, afirma Ricardo Silva, da CEO da Tintex.

Para o CEO, é preciso desmistificar a ideia de que a têxtil é uma indústria fechada e tornar visíveis as carreiras no sector, demonstrando a importância que têm na sociedade e ligando-as a áreas mais sedutoras, como a moda e a inovação.

“Antigamente, a têxtil era conhecida pela indústria dos trapos e era só isso. Mas agora começa a ser conhecida por outros fatores: pela sustentabilidade, pela inovação, pela robótica, pelo desenvolvimento de produto… E tudo isso se deve à abertura das empresas que, com a ajuda das redes sociais, fazem questão de mostrar o ambiente dentro das fábricas, a tecnologia que possuem e as oportunidades que podem gerar. Isso é o que verdadeiramente vai atrair pessoas para trabalharem no setor, principalmente os jovens”, reitera Ricardo Silva.

É precisamente esse o objetivo do projeto Pense Indústria, do CITEVE, que há mais de 20 anos anda a aproximar jovens e escolas das empresas têxteis nacionais. Com sessões de experimentação, o centro de formação tenta dar a conhecer aos jovens as novas profissões da indústria têxtil, abandonando a teoria e apostando numa estratégia “mãos na massa”.

“Fazemos visitas em contexto industrial para que os jovens possam experimentar os equipamentos inovadores, a robótica, e ver em primeira mão os processos de digitalização, toda a inovação envolvida na criação dos produtos, as boas condições de trabalho das fábricas, conhecer e falar com as equipas”, afirma Sofia Pelayo, Coordenadora de Formação no CITEVE e do projeto Pense Indústria i4.0.

Tudo isso é muito importante para mudar a perceção que os jovens têm da indústria e, por issso,  “as empresas têm de perceber que este investimento que fazem agora neste tipo de ações pode ser a garantia da continuidade das suas empresas no futuro”, completa a coordenadora.

Foi precisamente numa das ações promovidas pelo projeto Pense Indústria que Júlio Sá, um dos oradores da conferência, tomou conhecimento com os meandros da inovação na indústria. Atualmente Diretor de Produção e Sistemas Informáticos na Genotrix, o agora engenheiro estava na altura a frequentar o nono ano de escolaridade quando uma caneta de desenho 3D lhe captou a atenção e lhe abriu um mundo de possibilidades.

“Hoje em dia os trabalhos não são para a vida e é com esse dinamismo que temos de atrair os mais jovens. Hoje entro para fazer uma coisa mas amanhã posso estar a fazer uma totalmente diferente. E as camadas mais jovens estão muito bem preparadas para isso. As empresas que primem pela diferença, que se saibam adaptar vão ser as mais bem-sucedidas a captar a reter esses novos talentos”, explicou Júlio Sá.

“Atualmente é muito importante ter um plano de carreira, porque as expectativas estão sempre a mudar e isso precisa de ser mediado entre o empregador e o empregado. É um investimento das duas partes: nós precisamos deles e eles de nós”, completa Ricardo Silva.

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