11 janeiro 24
Feiras

Jorge Fiel

Torres Novas em Manchester, junta mesa ao banho e à cama

Há um mundo como o da Torres Novas, em que as vendas não param de crescer e estão em curso diversos e trepidantes projetos de expansão, como por exemplo, o de estabelecer uma testa de ponte no Reino Unido, alargar a todos os segmentos a oferta de têxteis para o lar e apostar fortemente nas vendas online.

Reforçar a presença no mercado britânico, não só no retalho tradicional mas também nas vendas online, é o objetivo da instalação de uma participada da Torres Novas em Manchester, que além do escritório contará com um armazém.

Aos felpos, o tradicional e histórico produto da companhia, tem vindo a ser acrescentada a oferta de novos segmentos além do banho – o ano passado foi a roupa de cama, este ano será a vez da linha para a mesa.

É natural que se estranhe um tal dinamismo por parte de uma empresa nascida há 179 anos, que testemunhou o regicídio, a queda da monarquia e implantação da República, o Estado Novo, as guerras coloniais, o 25 abril, esteve cotada e abriu falência.

Em 2011, Adolfo Lima Meyer, que geria a Torres Novas, não teve outra hipótese senão atirar a toalha ao chão, pedindo a falência de uma empresa que não resistiu ao impacto da crise financeira de 2008, aliado à perda de clientes e incapacidade de gerir a divida. Mas nunca desistiu de sonhar com o renascimento da marca.

“A marca tinha um enorme potencial. Mesmo depois da empresa fechar as portas ainda era frequente aparecerem pessoas nas lojas a perguntarem se ainda vendiam toalhas Torres Novas”, conta Nuno Vasconcelos e Sá, sobrinho neto de Adolfo Lima Meyer, e um dos membros do trio (os outros são Inês Vaz Pinto e Miguel Castelo Branco) que está ao leme deste segundo fôlego da companhia centenária.

A ressurreição foi em 2018 e tímida. Começaram apenas com toalhas de banho, o produto histórico da Torres Novas, trabalhando só para a hotelaria e subcontratando a produção, situação que ainda se mantém – o fabrico dos têxteis é feito a Norte e seguido pela empresa a partir de  Moreira de Cónegos onde tem um armazém e uma pequena equipa.

“A vantagem da hotelaria é não exigir stocks. Basta receber a encomenda e colocar a produção”, explica Nuno Vasconcelos e Sá, que fez Economia na Católica, um mestrado em Finanças na Nova, e trabalhou como consultor na BGC antes de embarcar na aventura de ressuscitar a Torres Novas.

A pandemia de Covid veio baralhar os planos. Na primavera de 2020 os hotéis fecharam, cancelaram as encomendas e congelaram os pagamentos. Nuno, Inês e Miguel foram obrigados pelas circunstâncias a passarem rapidamente à fase seguinte. Tinham de andar mais depressa. No outono já tinham no ar um site e um stock constituído para suportar as vendas online.

Deu resultado. As vendas online confirmaram os valores da marca. Começaram a ir a feiras, Heimtextil, Maison et Objet, Ambiente, e alargar a oferta, primeiro só nos felpos, com roupões e toalhas de praia (que foram um sucesso, depois na cama). E as vendas cresceram em conformidade: 500 mil euros em 2021, 1,1 milhões em 2022, 1,4 milhões em 2023.

O objetivo para este ano é chegarem aos dois milhões de euros, na sua esmagadora maioria com marca própria e dos quais 40 a 50% feitos no mercado externo.

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