Bebiana Rocha
Tony Pinville, da Heuritech, encerrou o painel ‘Inovações baseadas em IA’ do iTechStyle Summit com uma intervenção centrada na forma como a inteligência artificial pode ajudar a combater um dos maiores problemas da indústria da moda: o excesso de produção.
Atualmente, 40% dos produtos produzidos não são vendidos a full price, gerando entre 2,5 a 5 milhões de desperdícios anuais — prejuízos que se traduzem em milhares de euros. “Depender de dados de vendas desatualizados não permite antecipar as mudanças nos comportamentos dos consumidores de amanhã. É fundamental trabalhar com dados reais — e a inteligência artificial pode ser uma grande aliada!”, alertou.
Foi a partir desta premissa que apresentou o trabalho da sua empresa, a Heuritech, que recolhe dados de redes sociais e outras plataformas, analisando milhares de imagens. “Analisamos mais de 20 mil tendências. Temos representantes em 15 regiões de quatro segmentos de idade e três audiências – edgy, trendy e mainstream”, explicou. Graças a esta abordagem, a empresa consegue prever tendências até 24 meses com 90% de confiança.
A Heuritech trabalha com marcas de luxo como Louis Vuitton, Miu Miu e Prada, mas também com marcas mais acessíveis, como a Kiabi. Tony Pinville fez questão de sublinhar que têm em conta as especificidades de cada país e lembrou o valor acrescentado desta abordagem para a indústria têxtil, ao permitir perceber melhor a evolução dos mercados e orientar decisões produtivas.
Este conhecimento pode, por exemplo, ajudar as empresas a saberem qual o tecido que devem produzir em maior quantidade ou até que sugestões fazer ao cliente. Para garantir que a análise tem qualidade, a Heuritech conta com fashion experts distribuídos por diferentes pontos geográficos.