Bebiana Rocha
Mariana Máximo, head of sales da TMR Fashion Clothing, deu na passada semana uma entrevista à Fiber2Fashion, publicação internacional especializada no setor têxtil e vestuário, onde sublinhou a missão da empresa de ligar a moda à performance, analisou os principais desafios do setor e traçou o caminho para o futuro.
Segundo a responsável, “a indústria têxtil e vestuário enfrenta crescentes exigências em matéria de sustentabilidade, pressões climáticas e regulação ambiental”. A este cenário juntam‑se desafios globais como tensões geopolíticas, flutuações nos custos das matérias‑primas e perturbações logísticas.
Para responder a este contexto, Mariana Máximo defende que as empresas devem apostar em materiais avançados, otimização dos processos produtivos, investimento em certificações e energias renováveis, bem como no desenvolvimento de estratégias específicas por segmento de negócio. Ao mesmo tempo, salienta, é fundamental que os consumidores ajustem as suas expectativas, reconhecendo que produtos sustentáveis e de qualidade têm necessariamente um preço associado. “A sustentabilidade não se coaduna com a expectativa de uma t‑shirt a 10 euros”, afirma.
A pressão para acelerar toda a cadeia de valor é outro dos temas destacados, com ciclos de coleção cada vez mais curtos e lançamentos semanais. A inteligência artificial surge, neste contexto, como uma ferramenta com grande potencial para o setor, ao nível da previsão, do design e da eficiência operacional. Ainda assim, Mariana Máximo sublinha que “o verdadeiro desafio está em equilibrar velocidade, sustentabilidade e qualidade”.
A responsável antecipa que a sustentabilidade deixará de ser um fator diferenciador para se tornar um requisito básico. As práticas circulares – como a reciclagem de resíduos, a revenda e o aluguer – continuarão a crescer, tal como a necessidade de fábricas cada vez mais ágeis, automatizadas e com capacidade de produção on demand. O futuro, resume, será “mais ético, mais tecnológico e mais centrado no consumidor”.
Para responder a estas tendências, a TMR iniciou em 2010 uma mudança estratégica, orientada para a conquista de mercados mais exigentes, o trabalho direto com marcas e um forte foco na tecnologia. “Esta mudança foi determinante para transformar a TMR no parceiro global que é hoje”, refere Mariana Máximo.
Atualmente, a empresa produz vestuário casual, contemporâneo, desportivo e techwear, dominando técnicas como taping, bonding, termofixação, tingimento e amostragem 3D. Estas competências permitem o desenvolvimento de produtos altamente especializados e com elevado valor acrescentado. O sportswear representa hoje cerca de 20% do volume de negócios, com foco em materiais ultraleves – difíceis de produzir, mas com forte procura por parte do mercado – e em tecidos repelentes à água.
Na entrevista à Fiber2Fashion, Mariana Máximo lembra ainda um investimento feito numa máquina de corte unitário, que melhorou significativamente a eficiência da amostragem e a precisão do corte. “Trabalhamos com materiais que variam entre 20 e 500 gramas por metro quadrado, pelo que esta precisão é essencial para responder aos elevados requisitos do activewear”, explica.
Em matéria de sustentabilidade, a TMR é certificada pelas normas GOTS, GRS, SMETA e RWS, integrando igualmente a comunidade B Corp. Ainda assim, a responsável reconhece que atingir uma sustentabilidade efetiva depende também da consciência do consumo. “Ao criarmos peças de elevada qualidade e durabilidade, contribuímos para a redução do consumo excessivo e do uso de recursos”, sublinha.
Mariana Máximo salienta ao T Jornal que 2025 foi um ano de reconstrução, enquanto 2026 apresenta muitas boas perspetivas. “Continuaremos centrados nos mercados elevados, que vimos como uma parte importante da sustentabilidade. Os materiais ultraleves têm trazido novos projetos à empresa: hoje em dia as pessoas procuram peças cada vez mais leves, fáceis de transportar na mochila, que não amarrotem e que protejam da chuva e do vento. Conseguimos criar produtos com matérias-primas ultraleves que respondem a essa procura”, explica.
Para 2026, a empresa pretende dar continuidade à sua estratégia de modernização e digitalização, reforçando simultaneamente a aposta na conquista de novos mercados e clientes. As feiras internacionais continuarão a ser uma alavanca essencial para concretizar este crescimento.