19 maio 25
Eventos

Bebiana Rocha

TMG e CITEVE refletem sobre o futuro da indústria nos 50 anos da Iceberg

O final da tarde de sexta-feira, na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, ficou marcado pela celebração do 50º aniversário da marca de moda italiana Iceberg, num evento que reuniu representantes de peso do sector têxtil.

Organizada em parceria entre o município e a Isabel Ferreira Concept Store, parceira local da marca, a conferência teve como tema central ‘O presente e o futuro da moda e da indústria têxtil europeia’, focando a inovação e a cooperação.

Entre os participantes estiveram representantes da Iceberg, da ATP, do CITEVE e da TMG Group, numa conversa aberta sobre os desafios que a indústria enfrenta atualmente, desde a regulação crescente à escassez de talento qualificado.

Vítor Fernandes, diretor executivo da TMG Group, destacou a complexidade do contexto atual. “Os tempos são difíceis e as empresas têm de lidar com um aumento da regulação, com pressão para o ecodesign, tudo isso tem um custo. Custo esse que ficará injustamente do lado do consumidor, que pode não ter dinheiro no final para suportar os aumentos”.

Na sua intervenção, fez uma breve apresentação do grupo, sublinhando a sua verticalidade e diversidade. “O nosso ADN é o têxtil de moda, mas o workwear e automotive salientam a parte mais técnica do nosso know-how e expertise”.

Vítor Fernandes alertou ainda para a existência de um gap entre a linguagem do buyer e quem desenvolve a nível industrial, apelando a uma melhor comunicação entre os diferentes agentes da cadeia de valor.

Defendeu mais parcerias e reforçou a importância de eventos como este, destacando que “hoje em dia a TMG, o CITEVE e Famalicão fazem produtos que são high-hand, que são inovadores”.

Contudo, reconheceu as dificuldades em atrair novos talentos, exemplificando com os baixos números registados no único curso de engenharia têxtil da Península Ibérica, lecionado pela Universidade do Minho.

“Estamos a perder o caminho, há uma perceção de que o salário é baixo, o nível tecnológico é baixo, que há poucas possibilidades de progressão de carreira”, lamentou, garantindo que esta imagem não corresponde à realidade da ITV nacional. Enalteceu ainda o trabalho desenvolvido pela ACTEX nesta área.

António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, deu continuidade à reflexão e foi direto: a indústria têxtil e vestuário portuguesa “não tem pessoas” suficientes, daí os imigrantes serem tão importantes.

Entre as suas prioridades, defendeu a necessidade de manter as confeções em território nacional, porque sem elas “vamos perder o que temos de diferente na Europa – um cluster completo”.

“Podemos perder, mas vamos perder a nossa força. Por isso, precisamos de legislação que as proteja, precisamos de automação, precisamos de pensar em conjunto nisto, senão daqui a 10 anos vamos ter problemas”, alertou. Reconheceu também que “somos melhores a reagir do que a planear, mas pode não ser suficiente reagir na altura. Temos de fazer algo para evitar antes que aconteça”.

Destacou já no final a crescente competitividade no mercado de talentos, nomeadamente de engenheiros. “Todos os setores precisam de engenheiros, são muito requisitos”. Deixou por último uma mensagem aos reguladores, apelando a que decidam e permitam às empresas acabarem o que têm de fazer.

No encerramento, os oradores deixaram mensagens de mobilização. Vítor Fernandes apelou à ação: “as empresas têm de se mover, tomar ações, para avançarem com a inovação”. James Long, diretor criativo da Iceberg, reforçou a importância de criar pontes com os jovens e promover mais espaços de diálogo para preparar o futuro. Já Corrado Masini, diretor-geral de marcas do grupo GILMAR, a que pertence a Iceberg, dirigiu-se às equipas: “acreditem no líder, na sua visão, e acreditem mais nas pessoas”.

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