16 abril 25
Economia

Bebiana Rocha

Tintex: “Não devemos deixar cair o mercado americano”

O CEO da Tintex Textiles, Ricardo Silva, esteve esta manhã no programa Consulta Pública da Antena 1 para falar sobre o impacto das tarifas dos EUA em Portugal, onde disse que as empresas não devem deixar cair o mercado americano. “O que estamos a sentir hoje em dia é alguma dúvida, alguma instabilidade nas comunicações com os clientes. Não tem havido uma queda de vendas específica por causa deste tópico”.

“Temos é de estar preparados, junto dos parceiros, para estabilizar cadeias de valor.” No caso da Tintex, as exportações diretas para os Estados Unidos representam 6% da faturação. Mas, mesmo assim, a empresa diz estar alerta a outros mercados emergentes: “podem ser uma oportunidade — por exemplo, o mercado Árabe é claramente uma dessas oportunidades — mas penso que não devemos deixar cair o mercado americano”, partilha.

Acrescentando que a sua verdadeira preocupação é com os custos de produção elevados no futuro, por causa das rotas comerciais onde a América e o dólar têm muito peso, como no algodão e nos químicos, que vão sofrer alterações de procura e de oferta.

No entanto, reconhece que “o setor têxtil é muito diversificado”, dando o exemplo dos têxteis-lar, que são dos principais produtos exportados para os Estados Unidos, e por isso, nesse caso, o risco pode ser maior.

“O negócio têxtil é altamente competitivo. Nós estamos sempre em concorrência nacional, europeia e mundial. É difícil ter um pensamento estratégico de ‘vai ser este país, ou este mercado’, quando as marcas são mundiais, quando há um consumo crescente e decrescente”, admite, sem desvalorizar os sinais que podem ser tidos em conta quando iniciamos prospeção num novo mercado, como o crescimento demográfico e o estilo de vida.

Perante esta incerteza, Ricardo Silva sugere às empresas que apostem na digitalização. “Dado estarmos a navegar à vista, as empresas têm um papel a desempenhar: em vez de procurarem novos mercados e investirem demasiado na tentativa e erro, o valor acrescentado subiria se olhássemos para os custos e para a maneira de produzir.”

O dirigente da Tintex incita as empresas a tentarem aumentar a sua escala — não necessariamente no volume total, mas na escala de valor acrescentado bruto. “Se gerarmos mais valor acrescentado, temos mais capacidade para pagar salários maiores”, continuou o raciocínio, salientando que a digitalização tem um papel crítico.

“As empresas precisam de modelos e algoritmos que prevejam melhor e mais rápido. O nosso custo de produção é hoje mais baixo do que era há uns anos, precisamente pela tecnologia. Haver processos obsoletos cria-me urticária”, finaliza.

No painel deste episódio de Consulta Pública estiveram como convidados: Luís Miguel Ribeiro (Presidente da AEP), António Mendonça (Bastonário da Ordem dos Economistas), Helena Garrido (Jornalista de Economia), Luís Má (Professor no ISCTE) e Alberto Cunha (Especialista em Assuntos Europeus). O programa pode ser ouvido na íntegra aqui.

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