Bebiana Rocha
Cooperação foi a palavra de ordem na apresentação de Thomas Gries no iTechStyle Summit, esta segunda-feira – “a colaboração é a chave”, proferiu à sala cheia. O representante do ITA trouxe o tema da bioeconomia para o palco e frisou a importância de aprendermos com a natureza e tirarmos partido dela.
“A bioeconomia tem potencial para desencadear uma mudança estrutural”, disse. Indicando que cerca de 4,5 mil milhões de toneladas de biomassa são desperdiçadas, acompanhando com um gráfico elucidativo: “50% da biomassa é desperdiçada ou usada de forma não produtiva. A biomassa é geralmente usada como uma matéria-prima de baixo valor, mas sozinhos os lignocelulósicos, se forem processados da forma correta, podem responder à procura de fibras alternativas. A produção de químicos a partir da biomassa também é uma alternativa para a indústria petroquímica convencional”, explicou.
Thomas deu também a conhecer à plateia os projetos CO2Tex e Ingrain. Seguido de uma afirmação polémica: não existe 100% reciclado. “A reciclagem a 100% textile to textile é uma ilusão”.
À semelhança dos colegas anteriores do painel Megatrends, Thomas Gries sublinhou que há espaço para um novo modelo de negócio, uma vez que, neste momento, as margens do produtor são uma pequena parte do valor do produto. Trouxe três exemplos concretos para ilustrar – numas calças chino que custem 100€, 15% do valor corresponde à produção, 16% ao IVA, 25% ao valor da marca e 44% à fatia do retalho.
Para um casaco de 200€, mais uma vez, o maior valor vai para o retalhista (39%), 24% está destinado a pagar a produção, 21% à marca e 16% ao IVA. A camisa foi o último exemplo – e é onde a percentagem da produção é mais reduzida. Se custar 50€, apenas 7% corresponde à produção, contra 45% para o retalho.
Gries terminou com uma mensagem clara: tudo vai ficar cada vez mais caro – temos de estar preparados.