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Ao cabo de duas décadas marcadas por diversas recessões, pela pandemia, pela inflação que aí teve início e finalmente pela guerra, os desafios ao sector são enormes mas “os têxteis portugueses passaram o teste de stress há 20 anos”, disse Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia, enquanto ‘speaker’ da 10º Convenção Europeia do Têxtil e Vestuário e do 24º Fórum da Indústria Têxtil Portuguesa.
Pedro Siza Vieira referia-se ao início do milénio, altura em que a entrada da China na Organização Mundial do Comércio e o regresso da Rússia (“o fim da guerra fria assim o permitiu”) ao entendimento com o Ocidente mudou tudo – e o resto é história. Mas, contra todos os ‘profetas da desgraça’, os têxteis sobreviveram e, atualmente, recomendam-se. E os que passaram esse teste de stress de há 20 anos não vão agora ser derrotados por mais uma crise.
Mesmo assim, convém, aconselhou, que o sector saiba ler os sinais, até porque “o futuro será o resultado das escolhas que fizermos agora”. Desde logo, disse, a Europa assistirá ao aumento do poder e da influência dos Estados – ou do poder político. Porque serão os Estados a ser chamados a financiar o inevitável: um exército europeu, a transição digital, a transição energética e a reindustrialização. Como é costume, “Isto já está a acontecer nos Estados Unidos” e mais tarde ou mais cedo – mas o melhor é mais cedo – acontecerá na Europa. Convém, portanto, que a economia real ande por perto do poder político – até porque, como é tradicional, o aumento da importância do Estado na economia há-de ser acompanhado por torrentes de nova legislação.
Neste quadro de múltiplos desafios, vale a pena, disse o ex-ministro da Economia, que Portugal perceba que tem uma enorme vantagem competitiva: o sol. Ou, dito de outra forma: o acesso a energia barata. “É onde estiver a energia barata que estará a escolha dos grandes investimentos empresariais”.
Para Pedro Siza Vieira, os têxteis europeus e a industria em geral estão em face de enormes desafios, mas têm em seu poder todos os instrumentos (bom, talvez nem todos) para darem uma resposta positiva a essas incertezas. Que se pode resumir numa pequena frase: o ‘made in Europe’ é o melhor do mundo.