Bebiana Rocha
A Temu acaba de entrar na Associação Internacional de Marcas (INTA) como membro corporativo. Com esta adesão, passa a integrar as iniciativas que promovem a proteção da propriedade intelectual e o combate à contrafação, reforçando assim a sua presença na esfera do lobby. A notícia foi avançada esta segunda-feira pela publicação Modaes.
Em comunicado, a plataforma afirma que “a entrada na INTA e a participação no comité de contrafação refletem o compromisso contínuo em garantir uma experiência de compra online fiável”.
A INTA representa mais de 6.700 organizações e cerca de 37.000 profissionais de marcas registadas em 181 países. O trabalho desta associação sem fins lucrativos é promover as marcas como elementos essenciais para um comércio justo e eficaz a nível mundial, o que pode parecer contraditório face ao perfil da Temu.
Enquanto plataforma de ultrafast fashion e marketplace, a Temu tem sido alvo frequente de críticas e investigações relacionadas com questões como concorrência desleal, falta de rastreabilidade dos produtos, direitos laborais e ausência de identidade de marca própria. Por isso, é considerado contraditório que integre uma associação que oficialmente promove a proteção das marcas, a defesa da propriedade intelectual e a promoção de práticas comerciais justas.
A INTA atua na formulação de políticas públicas, legislação modelo e campanhas de advocacy em diversos níveis. Além disso, organiza conferências, workshops e reuniões, publica recursos informativos e mantém comités dedicados a áreas como contrafação, enforcement, dados, design, entre outros.
Com esta adesão, a Temu procura garantir legitimidade institucional junto de governos e entidades reguladoras, participar em discussões sobre contrafação — invertendo a narrativa e posicionando-se como colaboradora — e influenciar políticas de comércio eletrónico que possam afetar diretamente o seu modelo de negócio.