07 maio 25
Sustentabilidade

Bebiana Rocha

Tecido de lótus é o novo símbolo de sustentabilidade do Bangladesh

O Bangladesh está a afirmar-se como um novo protagonista no mercado global de têxteis sustentáveis através da produção do tecido de lótus – obtido a partir de uma fibra natural longa extraída dos caules da planta Nelumbo nucifera, abundante nas zonas húmidas do país.

Conhecido como seda de lótus devido à sua extrema suavidade ao toque – frequentemente comparada à da seda e da caxemira –, este tecido é produzido artesanalmente num processo minucioso que inclui a extração manual das fibras do caule da planta, a fiação feita à mão com recurso a uma roda de fiar, e a posterior tecelagem em teares manuais tradicionais.

Apesar de ser agora apresentado como inovação sustentável, este material não é novo: os budistas utilizavam-no já no século V para confecionar as suas vestes. Hoje, a tradição de produção da seda de lótus mantém-se viva em zonas como o Camboja, Mianmar e Vietname, onde representa uma herança cultural profundamente enraizada.

A produção tem a vantagem de não exigir muita água nem pesticidas ou fertilizantes, para além de resultar num material respirável, resistente a vincos, hipoalergénico, antibacteriano e totalmente biodegradável. Graças à sua excelente gestão de humidade, este material é adequado não só para o vestuário e o têxtil-lar, mas também para a roupa desportiva.

A iniciativa é liderada pela Bengal Plants Research and Development, com o apoio da Comissão Nacional da UNESCO no Bangladesh. “Trata-se de um renascimento cultural”, afirma Sikdar Abul Kashem Shamsuddin, presidente da BPRD, citado pelo Mongabay. “Durante gerações, o lótus fez parte do nosso património. Agora faz também parte do nosso futuro sustentável”, conclui.

Um grupo de artesãs locais conseguiu produzir um lenço de seis jardas utilizando a técnica tradicional de tecelagem Jamdani, avança o site Prothomalo.

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