Bebiana Rocha
As Tajiservi Talks discutiram na passada sexta-feira temas prementes da indústria têxtil e vestuário, nomeadamente a ética nos negócios. Luís Cristino, cofundador da OMA enfatizou no seu discurso que a “sustentabilidade não é só escolher matérias-primas ecológicas, é também olhar para o processo”.
Para os mais confusos deu um exemplo prático, o do poliéster reciclado. “É uma asneira usar garrafas de plástico na roupa”, disse, uma afirmação à primeira vista polémica, que foi tentando dar sentido.
“Não estamos a resolver a questão dos microplásticos que são libertados nas lavagens, antes pelo contrário, peças em poliéster reciclado podem libertar ainda mais microplástico. Além disso, no momento da reciclagem da peça com plástico reciclado, como fazemos para separar o plástico das outras fibras?”, colocou.
Outro dos pontos tocados por Luís Cristino foi o das certificações, que “não contam toda a história do produto”. Mais uma vez deu um exemplo prático, o algodão orgânico e BCI. “Atenção às condições de trabalho dos agricultores de algodão, aos países onde este é produzido”, aguçou o pensamento.
A talk serviu também para dar direções – “devemos defender o trabalho em rede. Foi a proximidade que nos ajudou a criar uma imagem de maior cluster Europeu”, proferiu. Apontando o nearshoring como caminho e a ética como a cola dos pilares da sustentabilidade – “sem ética tudo não passa de greenwashing”, concluiu.