13 outubro 22
Conferência

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Sustentabilidade. Como se comunica? Como se financia?

Como promover e comunicar a sustentabilidade? E como a financiar? Dois temas que não se afastam e que são a chave para o futuro da indústria têxtil europeia numa perspetiva de aprofundamento da sua influência planetária. E dos seus negócios. Na convenção da Euratex e da ATP, os dois temas não podiam faltar.

Como medir e comunicar sobre sustentabilidade esteve no centro do primeiro painel com CEO’s da Convenção da Euratex, e a CEO da TMG Automotive, Isabel Furtado, abriu as ‘hostilidades’ afirmando que “a indústria só tem um caminho: tornar-se mais eficiente, mais inteligente e mais limpa”.

“Estou numa indústria que usa muitas matérias-primas fósseis, a indústria automóvel é diferente da indústria têxtil tradicional e por isso temos de optar por matérias-primas diferentes, como o bio polímeros e os ‘agro based materials’”, explica.

Para Isabel Furtado, a falta de uniformização em torno da sustentabilidade e a confusão que isso gera são um obstáculo a ultrapassar: “Não podemos competir com diferentes patamares, ter globalização mas existirem regras locais”. Um tópico que recolheu a aprovação dos colegas de painel.

Shahriare Mahmood, Chief Sustainability Officer da Spinova, incentiva a ser trabalhada uma “regulamentação europeia que crie consensos”. E abordou a importância de comunicar de forma efetiva com o público: “O importante é que a mensagem chegue ao consumidor de forma clara e concisa e valorizar o upcycling”.

Já Andreas Christen, COO da Lantal Textiles, completa com a ideia de que a “longevidade conta na classificação de um produto como sustentável, assim como a produção de proximidade. É isso que valorizamos na nossa empresa, poupamos no transporte e apostamos em fornecedores locais”.

Robert Simek, director da RETEX, conclui com a ideia de que o caminho passa invariavelmente pela criação de uma etiqueta ecológica.

O segundo painel da manhã, ‘Show me the Money – Financing sustainability’, contou com Sarah Kent (Chief Sustainability Correspondent da Business of Fashion) que abriu as hostilidades constatando a situação instável da Europa e do mundo e, como isso poderá influenciar o investimento das empresas na transição efetiva para a sustentabilidade.

Nesse sentido, Elif Semra Ceylan, Senior Manager da EY Consulting e Global Shaper da World Economic Forum (WEF), expôs um estudo para a criação de um plano que permita conhecer o investimento necessário para que as empresas consigam responder ao Green Deal de 2030 e 2050. Para Elif Semra Ceyla, “o investimento depende do tipo de empresa e os valores podem ir de milhões de euros para os biliões”.

Por seu turno, Giovanni Schneider, presidente da Schneider Group, que trabalha diretamente com os growers desde a Nova Zelândia até à Mongólia, refere que a sustentabilidade com que que lida diariamente se foca na redução de emissões. Porém, “o tempo que é providenciado pela União é diferente do tempo que os growers necessitam para o fazer e compreender como o fazer”.

“Estamos a misturar sustentabilidade com economia, com eficiência, poupança de recursos e assim é muito mais fácil preencher os objetivos”, revela Ricardo Silva, CEO da Tintex Textiles. Agora, é obrigatório “ser estável economicamente e atingir os objetivos estabelecidos” e, para tal, “investimentos a curto e a longo prazo têm que se manter quer no presente quer no futuro”.

Por fim, Andrea Baldo (CEO da GANNI), disse por seu turno que “já não podemos pensar no investimento do mesmo modo, temos que pensar como investir num modelo de negócio”. E destacou o projeto piloto em que a marca investe diretamente no fornecedor, por forma a desenvolver a matéria-prima de acordo com os critérios de sustentabilidade. “Se não há uma revolução nos materiais, nunca será possível uma transição efetiva. Logo, as marcas têm que investir e ter responsabilidade também nessa parte do processo”, concluiu.

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