09 abril 25
Empresas

Bebiana Rocha

Susana Bettencourt: “É importante registar o valor para passar o conhecimento”

Susana Bettencourt tem explorado as potencialidades da Inteligência Artificial, quer em contexto académico, quer profissional, através da sua colaboração com a MDM Têxtil e a Impetus. No evento de networking Digi4Fashion de ontem, sublinhou a importância de tirarmos partido das ferramentas para sermos “super-humanos” e de documentarmos as descobertas para registar valor e partilhar conhecimento.

Refira-se que, no passado mês de fevereiro, publicou um paper intitulado “Upcycling Knitwear Framework: Artificial Intelligence’s Role in Preserving Brand DNA and Incorporating Trends”. No painel de discussão, partilhou também alguns exemplos em que a IA se revela útil, entre eles: fazer um assortment de restos, elaborar dossiês de marcas, desenvolver rebranding de empresas ou marcas e criar amostras 3D.

“As principais resistências que tenho encontrado vêm das equipas internas. A literacia em IA é muito importante para que a equipa fale toda a mesma língua”, partilhou, reconhecendo que a inteligência artificial ainda é vista como uma ameaça, sobretudo ao ego — “todos temos um para preencher”, lembrou, entre risos.

O foco nesta transição deve estar nos ganhos financeiros e de tempo que podem ser alcançados, bem como na maior capacidade de personalizar a experiência do cliente, cada vez que nos visita. E concretizou: “Com a ajuda da IA, conseguimos fazer um estudo sobre uma marca em três dias. O dossiê de cliente permite-nos alinhar a nossa proposta com aquilo que o cliente realmente precisa. Preparamos o showroom já de acordo com o que temos de diferente a oferecer e conseguimos fazer propostas mais acertadas de fios e padrões”.

Mas não só. Susana Bettencourt esteve também envolvida no rebranding da MDM Têxtil e admite que recorreu à inteligência artificial para criar o site e as redes sociais, garantindo que as plataformas estavam otimizadas em termos de SEO.

A poupança financeira surgiu, por exemplo, com a criação de fios e amostras digitais. Os custos dos tricôs são elevados e, para garantir maior assertividade no desenvolvimento de amostras para novos clientes, estas são feitas digitalmente. “Permite também dar um preço mais ajustado para não perder um cliente em vão”, completou.

Por fim, alertou para a importância de a indústria saber quais são os tops de vendas e comunicar essa informação ao designer: “Na indústria o designer não sabe se o que está a criar está a funcionar ou não. Todas as semanas, as lojas enviam-me o top de vendas e eu gosto de saber que estou a vender”.

Partilhar