Bebiana Rocha
Apostar na diferenciação de produto e incrementar a rotatividade para ter menos stock são segundo Manuel Lopez Tócci, Diretor de Sourcing Iberia do El Corte Inglés, fundamentais para que as empresas portuguesas tenham vantagem competitiva. Ao 26º Fórum da Indústria Têxtil Manuel trouxe um exemplo prático de parceria entre o El Corte Inglés e o sector têxtil nacional.
Em 2024 o El Corte Inglés trabalhou com a ACL e outros parceiros, numa coleção premium de cama 100% made in Portugal. Uma parceria que enaltece o legado e a identidade dos têxteis-lar portugueses. Uma parceria responsável, respeitosa e assente numa partilha de know-how, como destacou em vídeo. “A ACL foi escolhida junto com outros líderes industriais como caso concreto dentro de um modelo operativo de parceria alargada a diferentes categorias de produto”, frisou.
Apresentando de seguida um gráfico baseado na experiência do grupo espanhol, que mostra o impacto das parcerias. Uma iniciativa de parceria bem sucedida consegue atingir crescimentos anuais de dois dígitos e diminuir atrasos em 98% quando comprado com o valor de referência da categoria. Ao longo do tempo contribuem também para o crescimento da produtividade da cadeia de valor até os 40%.
Questionado sobre o que há ainda a fazer para potenciar a relação entre marcas e indústria Manuel Tócci referiu a necessidade de as empresas crescerem em tamanho e capitalização para terem capacidade de acompanhar o crescimento das marcas com os investimentos necessários para que as parcerias atendam a iniciativas de grande impacto. “O tamanho neste caso importa, veja-se o exemplo da Scalpers que cresceu exponencialmente, faturando hoje mais de 200 milhões de euros. As empresas devem ter capacidade para assegurar crescimentos das marcas”, reiterou.
Apelou por fim à criação de mais joint ventures entre marcas e indústria, “é um processo que exige investimento, de tempo e recursos”, mas acredita que tem potencial. “Todas as semanas criam-se marcas novas em Espanha e vocês para além da proximidade têm uma indústria fantástica”, elogiou, em jeito de incentivo. “É importante pensarmos na indústria têxtil portuguesa como algo extraordinário, bem feitora para o modelo social, permitindo uma grande qualidade de vida nas pequenas cidades e vilas do país!”, fechou.