Bebiana
O projeto RDC@ITV terminou esta segunda-feira com a apresentação pública dos resultados. Luís Ramos, do CITEVE, destacou a criação de um roteiro para a descarbonização do setor têxtil e vestuário, bem como uma ferramenta de cálculo da pegada de carbono, já disponível para as empresas, abrangendo os três âmbitos. Foram realizadas 14 sessões de formação e oito empresas testaram a ferramenta, considerando-a intuitiva e útil. A disseminação incluiu ainda a participação em eventos e a realização de um webinar.
Seguiu-se a apresentação da pegada de carbono do setor e das perspetivas de redução. As emissões globais da ITV portuguesa passaram de 668 kt CO2e em 2021 para 468 kt CO2e em 2023. Um gráfico com dados desde 2005 ilustrou a evolução do consumo energético, refletindo também o impacto da entrada da China na OMC, da pandemia e da guerra na Ucrânia.
As emissões do setor têxtil provêm maioritariamente do âmbito 1, enquanto no vestuário predominam as de âmbito 2. Como esperado, os subsetores com maior peso nas emissões são os ligados à ultimação, em particular tinturarias e acabamentos.
Entre as medidas apontadas pelo consórcio destacam-se a eficiência energética, eliminação de combustíveis fósseis, eletrificação, digitalização e práticas de economia circular – incluindo reciclagem e uso eficiente da água. Foi apresentada uma tabela com o grau atual de implementação destas medidas e as reduções previstas.
A sessão concluiu com a projeção de diferentes cenários de evolução até 2050. No cenário base, assistiremos a uma redução de 78% face a 2005 no têxtil e 90% no vestuário. Num cenário otimista, as reduções atingem os 80% e 91%, respetivamente. Já no cenário mais pessimista, o têxtil reduziria 76% e o vestuário 89%. “O setor do vestuário pode mais facilmente atingir as metas porque é mais dependente de energia elétrica; o têxtil, por outro lado, depende muito do gás e da queima, o que faz com que o desafio seja maior”, explicou Luís Ramos.
Duarte Moreira apresentou em detalhe a ferramenta desenvolvida no âmbito do projeto, destacando o seu caráter gratuito e específico para o setor. Explicou o processo de registo, que permite às empresas acompanhar a evolução da sua pegada de carbono ao longo do tempo, com contas individuais para cada utilizador. Após o início de um novo projeto com indicação do ano de inventário, os dados são introduzidos por âmbito (1, 2 e 3), sendo depois gerados gráficos e tabelas que podem ser exportados em Excel. Está também disponível online um guia de utilização da ferramenta.