04 junho 25
Sustentabilidade

Bebiana Rocha

Será a construção de novas fábricas de reciclagem têxtil uma oportunidade?

A reciclagem têxtil é cada vez mais importante e, nesse contexto, o CEO da Jomafil, Nuno Madeira, coloca uma questão: “Será a construção de novas fábricas de reciclagem têxtil uma oportunidade real ou uma armadilha financeira?”, à qual tenta responder logo de seguida.

Para o empresário, a solução é só uma: reforçar a integração industrial entre empresas que já operam no setor e que conhecem verdadeiramente o terreno. “Investir de raiz numa fábrica de reciclagem têxtil pode ser, economicamente, inviável, salvo raras exceções muito bem posicionadas. Porquê? 1. Não há massa crítica de resíduos suficientemente triturada; 2. O custo de capital vs. retorno industrial; 3. O risco de green finance mal aplicado; e 4. A verdadeira oportunidade está noutra direção.”

No T Jornal, partilha um artigo de opinião onde explica em pormenor cada um destes quatro pontos: relativamente ao primeiro, o administrador da Jomafil diz que “grande parte do resíduo têxtil ainda não está separado por tipo de fibra, cor ou composição. Isso significa que uma nova fábrica terá dificuldade em garantir matéria-prima estável, custos elevados com a triagem manual ou tecnológica, perda de eficiência e, consequentemente, margem”.

Quanto à dualidade custo de capital e retorno industrial, diz que “o investimento em linhas de reciclagem, linhas de corte, sistemas de aspiração, gestão de pó, silos e robotização é brutal – e, na maioria dos casos, não compensa sem garantias de fornecimento em grande volume, contratos firmes de escoamento e sinergia com unidades já existentes”.

O risco de green finance mal aplicado é também comentado por Nuno Madeira: “quando o dinheiro vem antes do plano industrial, o resultado costuma ser este: instalações sofisticadas, poucos resíduos consistentes e um business plan assente em promessas ambientais vagas”.

Por fim, sobre as oportunidades estarem noutra direção, elabora: “Portugal pode e deve liderar a integração industrial entre empresas já existentes”, propondo que se tire partido da proximidade e do conhecimento acumulado ao longo de décadas. “O que Portugal precisa não é de mais fábricas novas – é de inteligência industrial e alianças estratégicas entre quem já sabe fazer”.

Partilhar