Bebiana Rocha
O projeto europeu RegioGreenTex, que conta com a participação das empresas portuguesas Sasia e Tintex Textiles, publicou hoje a sua brochura final, onde apresenta uma visão abrangente dos projetos piloto desenvolvidos ao longo de 2025 para responder a desafios específicos da sustentabilidade no setor têxtil e vestuário.
A Sasia, especializada na reciclagem de fibras têxteis, contribuiu para o projeto com a sua máquina de corte de última geração da empresa belga Pierret, adquirida em janeiro de 2023. O equipamento permite regular o corte e controlar a velocidade de operação, assegurando cortes mais precisos e uma melhoria significativa na qualidade do produto final.
Ao longo do ano, foram realizados diversos ensaios experimentais com materiais 100% algodão multicoloridos, incluindo malhas, tecidos planos e fios com diferentes texturas, estampados e cores. O principal objetivo foi alcançar uma elevada uniformidade da fibra e qualidade da desfibragem, apesar da heterogeneidade dos materiais de entrada.
Os principais desafios estiveram precisamente associados à diversidade de cores e estruturas, suscetíveis de afetar a homogeneidade do produto. Ainda assim, a empresa confirma que todos os ensaios foram bem-sucedidos. “Os resultados obtidos com a nova máquina de corte demonstram uma melhoria na qualidade das fibras e do material cortado. Verificou-se também um aumento da taxa de produção, uma vez que o equipamento permite trabalhar a uma velocidade superior”, refere a publicação.
Para o futuro, a Sasia pretende escalar a linha de triagem otimizada e alargar a sua rede de parceiros, reforçando a capacidade industrial da reciclagem têxtil.
Já a Tintex Textiles concentrou os seus esforços na integração de água reciclada nos processos de produção têxtil, desde a preparação para a tinturaria até ao acabamento. Os trabalhos demonstraram que é possível alcançar elevados padrões de sustentabilidade sem comprometer a qualidade do produto, confirmando a viabilidade e escalabilidade de modelos de gestão de recursos em circuito fechado.
Como prova de conceito, foi desenvolvida uma peça totalmente circular, produzida com fios reciclados e tingida com água reciclada. “De janeiro a junho de 2025, a Tintex validou com sucesso a sua unidade piloto de reciclagem de água”, lê-se na brochura final do projeto. Apesar dos resultados positivos, a empresa reconhece que persistem desafios ao nível da escalabilidade das operações, que continuarão a ser trabalhados em fases futuras.