Bebiana Rocha
No ano em que celebra 230 anos, a Rieter projeta o futuro da fiação assente em automação, digitalização e sustentabilidade. Em entrevista à Textile World, o CEO Thomas Oetterli destacou as linhas orientadoras da empresa suíça, sublinhando que “o sucesso exige uma visão, missão e estratégia clara.”
Entre as prioridades da Rieter está a resposta à escassez de mão de obra qualificada que afeta fiações em todo o mundo. “O futuro da fiação é automatizado, digital e inteligente. Como as fiações enfrentam dificuldades em contratar e reter trabalhadores, a tecnologia de automação é essencial para garantir operações consistentes e eficientes”, afirmou Oetterli.
Exemplos destas soluções incluem o ROBOspin, o primeiro robô de emenda totalmente automatizado, que já substitui milhares de horas de trabalho manual todas as semanas, e a suíte digital ESSENTIAL, que fornece dados em tempo real para otimizar produção, energia e qualidade.
A lógica por trás da recente aquisição da Barmag insere-se nesta visão de futuro. Com o aumento previsto do consumo de fibras — sobretudo fibras artificiais — a integração da Barmag permitirá à Rieter reforçar a sua posição na Ásia-Pacífico e ampliar a sua oferta em fiação de filamentos e fibras sintéticas, ao mesmo tempo que melhora soluções digitais e de sustentabilidade.
A agilidade também é central na estratégia. O CEO explicou que “a agilidade é um fator chave para o nosso sucesso. É por essa razão que relocalizámos a produção e a investigação e desenvolvimento para mais perto dos clientes”, aproximando inovação e capacidade produtiva dos principais mercados.
Com uma longa tradição de pioneirismo, a Rieter recorda algumas das suas maiores inovações: a introdução da fiação compacta, a carda com a maior área de cardagem ativa e o Campus de Inovação em Winterthur, que concentra conhecimento e tecnologia num mesmo espaço.
A sustentabilidade surge igualmente como prioridade, com destaque para a recycling toolbox, uma solução que permite fiar fios finos de elevada qualidade a partir de fibras recicladas. O processo combina pré-cardagem, penteação e compactação, assegurando maior aproveitamento da matéria-prima e contribuindo para fechar o ciclo dos têxteis.
A Inteligência Artificial começa a desempenhar um papel crescente nesta transformação. “A IA pode ajudar a minimizar o consumo de energia e a otimizar o aproveitamento de matéria-prima. A Rieter está a aplicar IA nas máquinas existentes”, exemplificou Oetterli, apontando a carda C 81 como caso concreto, equipada com sensores inteligentes que ajustam automaticamente os parâmetros de produção.
Com 4.500 colaboradores em todo o mundo, a Rieter afirma-se pronta para liderar o caminho rumo a fiações mais ágeis, inteligentes e sustentáveis.