08 julho 25
Empresas

Bebiana Rocha
Imagem: Egídio Santos

Ricardo Silva vê a colaboração como meio para criar melhores produtos

Explorar colaborações para criar melhores produtos com menor investimento individual foi uma das várias sugestões deixadas por Ricardo Silva, CEO da Tintex, durante a sua intervenção no 27.º Fórum da Indústria Têxtil, na passada sexta-feira. Numa apresentação centrada nos desafios e oportunidades do setor, o empresário traçou uma visão clara sobre o presente e o futuro da indústria.

Entre as estratégias recomendadas, destacou-se a necessidade de aumentar o preço médio de venda, através da criação de produtos mais diferenciados e inovadores, ao mesmo tempo que se reduzem continuamente os custos unitários. Defendeu ainda a modernização das unidades produtivas, com o objetivo de aumentar a produtividade por linha e minimizar perdas nos processos. Parte destas recomendações já está a ser seguida, como demonstra o Valor Acrescentado Bruto (VAB): a indústria transformadora está a vender melhor e sem aumentar os custos fixos, sinal de um caminho focado na eficiência e na valorização da produção.

Na sua análise ao contexto atual, Ricardo Silva apontou diversos fatores que dificultam o planeamento e a estabilidade a longo prazo: uma macroeconomia estagnada, o baixo consumo, a instabilidade geopolítica, os elevados custos de energia, a inflação persistente e o aumento do salário mínimo sem correspondência em ganhos de produtividade. Estas condições, referiu, estão a intensificar a pressão sobre os preços, a reduzir margens e a provocar maiores ruturas nos fluxos de caixa, devido à dificuldade crescente nos recebimentos.

Para sustentar as suas reflexões, o administrador da empresa de Vila Nova de Cerveira apresentou diversos gráficos, incluindo a evolução da inflação na Europa entre 2000 e 2025, o crescimento acumulado do salário mínimo — que tem registado subidas na ordem dos 8% — e a previsão da Euribor a seis meses, que poderá atingir um teto de 3% após 2030.

Ricardo Silva sublinhou que “as coisas sobem e descem com a expectativa e não com a realidade”, reforçando a ideia de que tudo ocorre em ciclos. Apesar das dificuldades, deixou uma mensagem de confiança: com resiliência, o setor conseguirá ultrapassar o momento atual.

Ao longo da sua intervenção, manteve um contacto próximo com o público, levantando questões, promovendo o diálogo e comparando lado a lado as preocupações de empresários e colaboradores. Procurou demonstrar que, embora com perspetivas distintas, existem inquietações comuns — e que só através da colaboração será possível levar o setor a bom porto.

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