Bebiana Rocha
Os desafios da regulamentação são muitos — e esta segunda-feira foram evidenciados através de diversas intervenções no iTechStyle Summit, entre as quais se destacou a de Alexandra Vilela, da direção do COMPETE2030.
A representante declarou ter em mãos “um grande edifício regulamentar, cheio de paradoxos e riscos”, sublinhando que “hoje em dia os saltos incrementais são menores, daí a nossa preocupação em as empresas os identifiquem”. Seguiu-se uma apresentação detalhada, onde explicou a quem o COMPETE2030 tem de prestar contas e apresentou exemplos concretos de situações dúbias.
Cristina Carrola, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), centrou a sua intervenção na temática da desclassificação de resíduos — um processo que permite transformar resíduos valorizados em materiais desejáveis e comparáveis a matérias-primas convencionais.
Explicou como a APA está a tratar este fim do estatuto de resíduo, o que diz a legislação e que informações já estão disponíveis no site da Agência. “Somos parceiros. A APA entende a sustentabilidade também do ponto de vista da economia e queremos ajudar a indústria na utilização de resíduos como material”, afirmou.
No mesmo painel, Fernando Pimentel, da ABIT, abordou as semelhanças entre Brasil e Portugal, mostrando-se otimista quanto ao acordo UE–Mercosul.
Com o auxílio de um quadro comparativo, apresentou os números do setor têxtil e vestuário (STV) no Brasil face a Portugal: 35 mil milhões contra 170 mil milhões de euros em faturação, dimensão de funcionários, número de empresas, valor das exportações e posição no ranking internacional.
Destacou com satisfação o facto de o Brasil ter conseguido, ao longo do tempo, manter uma cadeia integrada no setor: “A maior parte das matérias-primas são nossas. Estamos a trabalhar na bioeconomia, que é um ativo importante. Somos um pequeno ator no mercado global, mas empenhado em trabalhar”, referiu.
Outro tema abordado por Fernando Pimentel foi a implementação de um novo regime fiscal no Brasil, que prevê um IVA de 28%. A estes custos acrescem ainda impostos elevados sobre a energia, que afetam a competitividade das empresas.
Para concluir, o dirigente apresentou um conjunto de propostas concretas para aprofundar a cooperação entre Brasil e União Europeia. Entre elas, destacou-se a criação de um Comité Técnico Têxtil Brasil–UE; apoio à adaptação regulatória para PME (pequenas empresas têxteis brasileiras com ajuda para cumprir os padrões da indústria); a sugestão de uma plataforma digital de matchmaking Brasil–UE (um marketplace online para empresas têxteis brasileiras e europeias); a certificação de sustentabilidade harmonizada (um sistema unificado de certificação de sustentabilidade para a indústria); e, por fim, a criação de um centro de inovação têxtil Brasil–UE, com o objetivo de impulsionar a inovação e promover a colaboração entre os dois blocos.