Bebiana Rocha
O terceiro e último dia do iTechStyle Summit arrancou com discussões sobre novos métodos de reciclagem, onde Riopele, VTT, FEUP e DITF partilharam os seus contributos. Pirjo Heikkilä, do VTT – Technical Research Centre of Finland, foi a primeira a intervir, apresentando o projeto Telaketju.
A iniciativa consiste numa rede de cooperação que promove soluções sustentáveis para o ciclo de vida dos têxteis, com o objetivo de desenvolver modelos de negócio inovadores e criar uma base sólida para uma nova indústria centrada na recolha, triagem e valorização de têxteis em fim de vida.
“Os consumidores estão a criar mercado para produtos cada vez mais sustentáveis”, afirmou, mostrando uma ilustração onde o consumidor assume um papel de destaque nas operações.
No âmbito do projeto, foi conduzido um estudo para perceber quais os fatores que mais influenciam os consumidores ao depararem-se com artigos reciclados, sendo o preço uma das principais barreiras.
Pirjo destacou ainda que a sociedade precisa de dar mais apoio à indústria e sublinhou o crescimento das oportunidades no sorting e pre-sorting. Apresentou também uma tabela comparativa dos métodos de reciclagem e como o processo pode ser otimizado.
Ângela Teles, da Riopele, falou de seguida sobre o projeto Be@t, centrando-se na apresentação de um novo sistema de fiação, concretamente um sistema de Ring spinning – ideal para obter fios de alta qualidade e resistência.
O trabalho visa também desenvolver e avaliar fios reciclados produzidos pela J. Gomes, através de um sistema de fiação carriage spinning, que incorpora resíduos têxteis da própria Riopele. Adicionalmente, foi desenvolvido um fio reciclado pela Riopele, com recurso ao sistema de Ring spinning, utilizando fibras têxteis obtidas por reciclagem mecânica, um processo desenvolvido no CITEVE.
Desta parceria resultaram quatro novas qualidades de fio: Loriga (79/20/1% Viscose/lã/elastano), Rossim (45/35/20% Linho/lã reciclada/viscose), Seine (67/33% Viscose/linho) e Carriage (61/32/7% Poliéster/lã/viscose).
Apesar de alguns desafios, nomeadamente relacionados com a presença de fibras curtas que fragilizavam os fios, o resultado final foi satisfatório, tendo já sido aplicado em produtos como conjuntos e vestidos. Ainda assim, Ângela Teles salientou que é necessário continuar a otimizar para garantir a qualidade regular dos fios.
Stephan Baz, da DITF, apresentou os seus trabalhos com fibras de carbono reciclado, demonstrando ao público como produziu duas fitas no âmbito do projeto Infinity. Os ensaios revelaram que não existem diferenças significativas entre os dois métodos testados. A fita de segunda geração atingiu 88% da resistência e tenacidade em comparação com uma fibra virgem.
Por fim, Salomé Soares, da FEUP, apresentou o projeto Giatex, focado na reciclagem da água – uma questão crítica para as empresas do setor. Embora muitas já utilizem tecnologias de tratamento de água, estas ainda não são suficientes para produzir efluentes que possam ser descarregados ou reutilizados.
Assim, o projeto propôs novas abordagens com recurso a processos de oxidação avançada, através de tecnologia de ozonação – um método que utiliza ozono para purificar águas residuais, ajudando a remover corantes e contaminantes. Na apresentação, foram mostrados os resultados obtidos com diferentes concentrações de ozono.