24 abril 20
Inquérito ATP

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Queda de encomendas é o maior problema para as empresas

A ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal conclui que a quebra nas encomendas é o principal problema no setor, segundo os resultados de um inquérito que lançou entre os seus associados para tomar o pulso ao que já é possível mensurar em termos do impacto da pandemia de Covid-19. Mais de 60% das empresas identificaram um impacto muito forte (superior a 50%) no que respeita à redução da procura/encomendas em abril. As dificuldades no abastecimento de matérias-primas, é outros dos estrangulamentos apontados pelas empresas.

Numa nota assinada pelo presidente Mário Jorge Machado, a ATP nota que o inquérito permite ainda antecipar que as estimativas para junho são igualmente más: 43% das empresas esperam uma redução na procura superior a 50% e 37% espera uma redução entre 25% e 50%.

Paralelamente, a ATP detetou que a produção de equipamentos de proteção individual (EPI’s) é uma alternativa apenas para cerca de 25% das empresas inquiridas, o que implica que a transferência de produção não é, para um número assinalável de empresas, uma possibilidade.

As dificuldades no abastecimento de matérias-primas é outro dos estrangulamentos destacados: mais de metade das empresas inquiridas identificaram um impacto forte ou muito forte em termos de dificuldade no abastecimento e fornecimento de matérias-primas já para o mês de abril, sendo as origens mais afetadas a Itália, Espanha, Índia e China.

As principais razões apontadas para esta dificuldade prendem-se com o encerramento de fornecedores, mercados fechados, dificuldades aduaneiras, dificuldades de crédito e o aumento do custo das matérias-primas.

Do mesmo modo, os transportes e a logística também têm estado a passar por crescentes dificultar, uma vez que a ATP deteta menos opções, preços inflacionados e atrasos nas entregas.

Quanto às medidas de apoio mais utilizadas pelo universo do inquérito, o lay off surge em destaque: 68% dos inquiridos estão nessa situação de forma total ou parcial. As moratórias de crédito estão a ser utilizadas por 35% dos inquiridos. Cerca de 40% dos inquiridos diz que  estão a considerar recorrer mais às linhas de crédito. Por outro lado, as empresas que se encontram em lay off antecipam que em junho continuarão sob o seu efeito (66%).

Uma situação que também prejudica as empresas do setor são os trabalhadores que estão a prestar assistência à família devido ao encerramento das escolas. Mais de 50% das empresas afirmaram ter até 20% dos trabalhadores nessas circunstâncias.

De um modo geral, as empresas colocam várias críticas às medidas já em vigor: burocracia, dificuldades de interpretação, falta de clareza, regulamentação tardia das medidas, falta de flexibilidade nos instrumentos, diferenças entre comunicação governamental e execução pelos organismos responsáveis, morosidade e custo para as empresas, e medidas pouco ambiciosas – que privilegiam o endividamento futuro, o que necessariamente comprometerá a capacidade de crescimento e investimento nos próximos anos.

Finalmente, cerca de 35% das empresas apenas antevê uma ligeira retoma (até 20%) da atividade no mês de maio; o mês de junho traz uma ligeira melhoria, com cerca de 45% dos inquiridos a perspetivar uma retoma da atividade (entre 20% a 60%). Apenas 11% acredita numa retoma a mais de 80% no final do mês de junho.

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