16 janeiro 24
Feiras

Jorge Fiel

Putin estragou a lua de mel entre a D.A. e a A.A.F.

O casamento parecia perfeito. A Domingos Almeida (DA) faz o top of the bed – colchas, mantas, complementos. A António Almeida & Filhos (AAF) produz o bedding – lençóis, sacos de edredon. Mas ao invadir a Ucrânia, Putin deu cabo da lua de mel entre duas empresas que levam Almeida no apelido.

Mas só depois da compra da AAF pela DA passaram a ser da mesma família. “Comprámos a António Almeida & Filhos em setembro de 2021 e passado pouco tempo, em fevereiro de 2022, começou a guerra na Ucrânia e isso complicou o negócio. As coisas não correram como esperávamos e demoraram mais tempo a normalizar”, reconhece Domingos Almeida, fundador e CEO da empresa que leva o seu nome na razão social.

Numa conjuntura difícil, a DA fez o que tinha a fazer, investindo dez milhões de euros na AAF, que caíra na falência, tinha um parque industrial demasiado antiquado, precisava de fundo de maneio para funcionar, como por exemplo para comprar matéria-prima para satisfazer muitas encomendas que tinha em atraso. Carecia ainda de socorro de urgência no capítulo da eficiência energética num ano em que os custos da energia dispararam até ao céu.

“A normalização demorou mais tempo e foi atingida com mais sacrifício”, explica Domingos Almeida, irmão de Joaquim da JF Almeida, ambos filhos de um António Almeida que tinha uma pequena fábrica de colchas mas não tinha qualquer laço familiar com o seu homónimo António Almeida da falida AAF, entretanto rebatizada StarBella.

Os resultados das sinergias entre as duas têxteis-lar já foram visíveis na Heimtextil, onde DA e StarBella (ex-AAF) se apresentaram como num único stand – um acionista, duas empresas, uma só coleção.

A DA fechou 2023 com um volume de negócios de 7,3 milhões de euros (20% abaixo de 2022, um ano em que a faturação foi bastante acima do normal), e cerca de 100 trabalhadores,  enquanto a StarBella se quedou por um pouco mais de quatro milhões e um efetivo de 150 trabalhadores.

“A AAF tinha uma estrutura muito pesada, estava vocacionada para grandes quantidades, com uma capacidade instalada para produzir entre um a 1,5 milhões de metros lineares por mês. Não é esse o nosso patamar”, diz Domingos Almeida.

Os planos para este ano contemplam apostar nas vendas online, com a marca Coton Care, uma das duas marcas (a outra é Home Concept) que veio com a AAF para o património da StarBella.

A DA tem desenhado um plano de investimentos em logística, criando mais espaço para a tecelagem e urdissagem, aumentando a sua capacidade produtiva nesses domínios, uma vez que agora trabalha para duas empresas. “As máquinas de tecelagem da AAF eram muito antigas”, explica Domingos Almeida, acrescentando que a decisão sobre a sua aplicação depende da maneira como a conjuntura evoluir.

Partilhar