19 outubro 22
Indústria

Ana Rodrigues

Paolo Zegna: consumidor terá de pagar parte da sustentabilidade

Paolo Zegna, figura influente no sector têxtil e vestuário italiano, disse, em entrevista ao T Jornal, que “o consumidor terá que pagar uma taxa para que possa reutilizar produtos recicláveis”. Assim, o senso de responsabilidade é essencial e “a sustentabilidade tem que ser pensada coletivamente”, explica o diretor não-executivo da Ermenegildo Zegna e vice-presidente do Conselho da Altagamma.

A sustentabilidade é “palavra-chave para todos e em Itália este processo de responsabilidade na recolha e uso de roupa que chega ao seu final de vida ainda está a ser compreendido”. A um nível mais global, Paolo Zegna acredita que a responsabilidade do produtor acabará por colocar um preço extra na produção.

Zegna recorda que, por outro lado, “a energia é algo básico e sem ela não conseguimos fazer nada”. Efetivamente, a situação de dependência energética da Europa faz com que “paguemos esse custo” – e nesse quadro, quer seja Portugal ou Itália ou em qualquer outro país, o caminho é o da independência “para que não estejamos sempre com uma arma apontada”, enfatiza Paolo Zegna.

A independência é fundamental: “ou poupamos energia e cortamos no consumo ou precisamos de mais energia”, declara. É, também por isso, que as fontes alternativas devem ser consideradas: “vento, solar, nuclear, tudo deve ser considerado, pois a evolução tecnológica também garantirá a sua eficiência”.

Mais ainda, o diretor da Ermenegildo Zegna vê a existência de um teto para o preço da energia como uma mais-valia, “evidentemente subsidiado pela União Europeia, pois de outro modo há imensas companhias que vão desaparecer”.

Paolo Zegna garante que, em Itália, o processo não está dependente de um só sector: “somos nós a puxar pelo governo italiano e este a falar com o governo europeu e a tentar encontrar uma solução comum para todos”.

Na esperança que esta crise termine – e no conhecimento de que outras estarão para vir – a flexibilidade é igualmente essencial para que “cada país tente balançar e compensar. O país que está para trás tem que correr mais rápido e o que está à frente continuará a ter que correr” e as oportunidades “surgirão para os que correm mais rápido”, conclui Paolo Zegna.

Paolo Zegna esteve presente na qualidade de participante 10ª Convenção Euratex e 24º Fórum da Indústria Têxtil que decorreu na semana passada no Porto. Para o ano que vem, o encontro da federação europeia será na Finlândia.

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