Ana Rodrigues
As pressões significativas sobre o ambiente e o clima têm diversas origens. Uma delas é o consumo de têxteis na Europa e parte destas pressões provêm de têxteis devolvidos e não vendidos que são destruídos e nunca utilizados para o fim a que se destinam. Esta questão foi analisada no novo relatório da European Environment Agency (EEA), que teve como objetivo mensurar a percentagem de têxteis devolvidos e não vendidos que são destruídos na Europa e as opções para enfrentar este desafio.
O novo relatório é sustentado pelo parecer técnico ‘European Topic Centre on Circular Economy and Resource Use’ da EEA e, embora os valores estejam dispersos, os melhores dados disponíveis sugerem que cerca de 4-9% de todos os produtos têxteis colocados no mercado europeu são destruídos sem nunca serem utilizados, tornando-se responsáveis por até 5,6 milhões de toneladas de emissões de CO2.
Os estudos mais recentes indicam que cerca de 20% do vestuário e 30% do calçado comprados online na União são devolvidos pelos clientes e cerca de 70% dessas devoluções são causadas por não servirem ou não terem o estilo desejado. No entanto, os dados do relatório indicam que apenas cerca de 3% das emissões prejudiciais para o ambiente originadas pelos têxteis provêm da distribuição e do retalho. Ora, este dado significa, segundo o relatório, que mesmo que o processo de devolução seja longo e complicado é provavelmente mais benéfico para o ambiente, se levar à revenda e utilização do produto.
Assim, o estudo afirma que tanto a regulamentação como as políticas específicas, bem como a informação, são necessárias para reduzir as devoluções dos clientes e os produtos não vendidos. Simultaneamente, é necessário abordar o problema sistémico da sobreprodução e da destruição na indústria têxtil, que pode ser resolvido tanto com modelos de negócio como com políticas circulares.
Nesse sentido, foi recentemente dado um passo positivo e histórico com o acordo da União Europeia para proibir a destruição de vestuário, acessórios de vestuário e calçado não vendidos (com certas isenções para micro, pequenas e médias empresas), como parte do ‘Ecodesign Sustainable Products Regulation’.
Fundada em 1994 e com sede em Copenhaga (Dinamarca), a European Environment Agency (EEA) é uma agência da União Europeia que, juntamente com a rede Eionet, fornece o conhecimento e os dados necessários para alcançar a sustentabilidade na Europa.