14 outubro 20
Orçamento de Estado

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“Orçamento é vazio em termos de apoio às empresas”

Um Orçamento de Estado que é vazio no que respeita ao apoio às empresas e que esquece que são estas que criam riqueza. Para o presidente da ATP, o Governo preocupa-se apenas com a componente social, esqueceu-se das empresas na proposta de OE 2021 e prepara-se para tornar mais rígidas as leis do trabalho, o que trás uma dificuldade acrescida ao crescimento da economia.

“O Orçamento de Estado 2021 é vazio em termos de qualquer apoio às empresas”, o que é contraproducente em relação ao plano geral do Governo de apostar no Serviço Nacional de Saúde e na Segurança Social, referiu ao T Jornal o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, num primeiro comentário ao plano que o ministro das Finanças, João Leão, deu ontem a conhecer.

“Esquecendo que são as empresas que criam riqueza” e que por essa via são quem paga as despesas do Estado em primeira linha, o Orçamento parece ser, segundo Mário Jorge Machado, um mero exercício de aproximação do Governo às forças parlamentares a quem é pedido apoio para a sua aprovação – Bloco de Esquerda e PCP. “A ironia é que o Governo ainda não conseguiu esse apoio”, diz o presidente da ATP – que está convencido, de qualquer modo, “que na hora da verdade, António Costa acabará por conseguir esse apoio à esquerda, sob pena de o Governo poder cair, o que atiraria esse ónus para a esquerda”.

Por outro lado, Mário Jorge Machado está convencido que o “esquecimento de que as empresas foram alvo no OE2021” fica a dever-se ao facto de o Governo entender que poderá compensar o mundo empresarial depois da chegada dos cerca de 15 mil milhões de euros do fundo de recuperação. Mas isso é, na sua opinião, uma visão que faz pouco sentido: “o Governo vê a sociedade apenas pela sua componente social e da saúde”, mas esquecendo que “são as empresas que pagam o SNS e a Segurança Social através dos impostos e da criação de emprego”.

Neste Orçamento “pensado para agradar ao Bloco e ao PCP”, Mário Jorge Machado encontra também motivos de preocupação pela “regidificação das leis do trabalho” – nomeadamente no que tem a ver com a perda de apoios do Estado se as grandes empresas que apresentam lucros despedirem colaboradores. “As leis do trabalho portuguesas são das mais rígidas da OCDE”, recorda o presidente da ATP, o que, no seu entender, constitui uma dificuldade acrescida ao crescimento da economia. “Não será com certeza por o Governo proibir despedimentos que a economia ficará bem”, como num passe de magia.

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