Bebiana Rocha
A certificação é hoje uma das principais formas de as empresas assegurarem as informações que transmitem aos clientes no que toca à sustentabilidade, sendo já incluídas nos protótipos de passaporte digital do produto. Este foi um dos temas abordados por Alfred J. Beerli, da Oeko-Tex, durante o painel Megatrends do iTechStyle Summit.
“Estamos a gastar recursos para sermos mais transparentes na Europa. Estamos a aumentar a pilha de papéis com informações. Estamos também a fazer chegar a informação aos consumidores”, introduziu Alfred, mostrando-se interessado em saber quais são as questões mais levantadas pelos consumidores sobre as roupas que usam.
Para responder a essa curiosidade, a organização conduziu um estudo para monitorizar as discussões geradas por uma audiência de diferentes faixas etárias. Foram analisados quatro grupos: jovens, millenials, pais e pessoas com mais de 50 anos.
As conclusões revelam tendências distintas: “os jovens usam roupa para mostrar independência, trocam muito de roupa, então têm tendência a comprar mais barato, no ultra fast fashion. Os millenials, por sua vez, sabem que os velhos tempos já eram, o futuro é difícil, e esperam, por isso, roupa mais durável. Preocupam-se com a reciclagem e questionam-se de forma interessada”. Já os dois últimos grupos foram agrupados porque ambos têm filhos ou netos e perspetivam mudanças no sector têxtil – querem cuidar e por isso não querem produtos nocivos nos artigos que compram.
Alfred lembrou ainda que esta preocupação com o ambiente e com a segurança dos produtos é característica da Europa Central. “Os EUA não estão desenvolvidos neste conceito”, afirmou, apontando para uma mentalidade mais consumista, citando a famosa frase: ‘drill baby, drill’.
As questões do greenwashing também surgem entre as principais preocupações do público avaliado, lado a lado com o trabalho infantil – “o público está preocupado quando se depara com as discrepâncias entre os mundos produtivos”.
Em jeito de síntese, Alfred reforçou que as empresas e marcas têm de trabalhar para estabelecer uma maior confiança com os clientes. “Comuniquem, mostrem o que estão a fazer de forma responsável e transparente. É tempo de serem proativos e não reativos, de demonstrar aspiração”, concluiu.