20 abril 23
Empresas

Bebiana Rocha

Novas diretivas sustentáveis da UE podem ser uma oportunidade

A sustentabilidade está na agenda da União Europeia e também esteve no seminário ‘Têxtil do Futuro’, organizado pela Associação Portuguesa de Logística (APLOG), e de que o T Jornal foi media partner. “Estamos num momento interessante. As novas diretivas da União Europeia podem ser uma oportunidade para Portugal, até porque em termos tecnológicos não devemos nada a ninguém”, disse António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, que fez a moderação do debate ‘Sustentabilidade e circularidade no têxtil’, esta quarta-feira na Universidade Católica.

“A sustentabilidade chegou entre 2014/15, na altura incorporar 5% de fibra reciclada era bom, hoje 5% seria vergonhoso. Atualmente conseguimos incorporar entre 50-80% de fibra reciclada. O que está para vir é muito mais do que isso, temos de manter a nossa capacidade de reação”, sublinhou Braz Costa dando o mote para a conversa.

Ao painel de especialistas, composto por Clara Louro (Salsa), Patrícia Ferreira (Valérius), José Costa (Becri) e Filipe Carneiro (Lipor), o responsável do CITEVE perguntou quais eram as cinco ações mais importantes que as empresas estavam a tomar no sentido de serem mais sustentáveis ambiental e socialmente.

A Salsa destacou o seu projeto ‘Better Wash’ aplicado numa lavandaria própria da marca que permite reduzir a quantidade de água no processo de lavagem. Destacou também novas formas de lavagem como, por exemplo, lavagem com ozono ou pulverização de enzimas, e o seu serviço de restauro de jeans ‘Infinity’. “Cerca de 75% das pessoas procuram-nos para serviços de reparação e 55% quando entregam o produto ainda conseguimos dar-lhe uma segunda vida”, referiu Clara Louro, Head of Sustainability and Corporate Responsibility.

Já a Valérius destacou o seu projeto Valérius 360, que permite a reciclagem do pós consumo e também a adoção das amostras 3D. “Queremos montar um armazém para o desmantelamento das peças e implementar novos processos que nos permitam escalar e encontrar soluções que possam ser apoiadas tecnologicamente. Em 2018 a Valérius 360 andava à procura de sorters e a eficiência era baixa, era mais seguro fazer manualmente, hoje encontramos alguns com 90% de eficácia”, referiu Patrícia Ferreira, CEO da Valérius Hub.

A Becri segue o mesmo caminho do design 3D, segundo José Costa: “há seis anos que investimos na parte 3D e a aceitação era baixa. Queríamos andar para a frente e os clientes queriam mas não queriam, só conseguimos um grande avanço com o COVID”, explicou o CEO da empresa de Barcelos. Outra das mais valias que a empresa oferece é serviço ‘ReStyle’ que permite aos clientes pegarem nos stocks e darem-lhes uma nova cara, por exemplo de um vestido fazer uma saia. Por fim, o Fiberloop é outra das apostas da Becri na sustentabilidade, permite criar peças com uma composição 50% algodão reciclado e 50% algodão virgem, sem necessidade de preocupação com quantidades mínimas.

Da mesa redonda resultou a ideia de que a procura crescente pela sustentabilidade vai partir do mercado juntamente com a ajuda de alguma legislação. José Costa, CEO da Becri diz inclusive que “vamos passar do fast fashion ao slow fashion, com uma oferta de peças mais duradouras”. No entanto, há que considerar pelo meio que “há muitas pequenas e médias empresas que não estão preparadas para esta legislação” e, como acrescenta Patrícia Ferreira, “vão haver aquisições de empresas para que consigam suportar estas mudanças”.

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